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Dia da Amazônia: floresta preservada pode render lucros em trilhões

Dia da Amazônia: floresta preservada pode render lucros em trilhões

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Por André Garcia

A medida em que o Brasil avança para uma transição de modelo econômico, propostas que aliam a conservação e a rentabilidade dos ecossistemas ganham mais evidência. Projetos ainda desafiadores, desabrocham por meio do trabalho de diferentes atores e podem alavancar lucros milionários.

Nesta terça-feira, 5/9, Dia da Amazônia, o Gigante 163 traz um bom exemplo desse esforço. É o caso da professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Sinop, Paula Barbosa, que aponta a educação ambiental como principal instrumento de valorização da floresta.

“Quando falamos sobre a valoração da floresta em pé, temos números que mostram essa viabilidade. Há estudos que apontam, por exemplo, que manter áreas de vegetação nativa dentro de propriedades rurais rende ao R $6 trilhões de lucro ao ano considerando serviços ecossistêmicos como polinização, controle de pragas, segurança hídrica, produção de chuvas e qualidade do solo”, diz.

O dado ao qual ela se refere vai ao encontro da publicação global macroeconômica Changes in the Global Value of Ecosystem Services (Mudanças no valor global dos ecossistemas, em tradução livre), da Universidade Nacional da Austrália.

Publicado em 2019, o levantamento calcula o valor de diferentes tipos de biomas. Segundo os cálculos, a Amazônia brasileira rende ao País (e ao mundo) cerca de US $1,83 trilhão (R $7,67 trilhões) por ano em valor bruto.

Floresta derrubada causa prejuízo

Se a floresta em pé traz dinheiro, derrubada causa prejuízo. Em maio deste ano, um informe da Organização para a Alimentação e Agricultura (Fao), apontou como o desmatamento das florestas brasileiras pode acarretar em prejuízo de US$ 1 bilhão por ano para os agricultores, considerando as próximas três décadas. As perdas estão relacionadas à diminuição de chuvas ligadas ao desmatamento.

Neste contexto, Paula chama a atenção para duas atividades que já contribuem para a manutenção da Amazônia: a agricultura familiar e o ecoturismo. É preciso considerar ainda o potencial dos créditos de carbono, que tiveram aumento no volume de 236% em 2021, segundo dados do Ecosystem Marketplace.

“A agricultura sustentável tem uma importância enorme, além de levar alimento de verdade para a mesa. Já o ecoturismo depende da floresta viva e gera muito lucro quando explorado devidamente. É um segmento que utiliza de forma racional o patrimônio natural e cultural, incentivando sua conservação e buscando a formação de uma consciência ambientalista”, diz.

Desafios

Para que estas propostas proliferem e se estabeleçam nos nove estados que abrigam a floresta, é necessária a mobilização dos setores ambiental, econômico e social. Contudo, pouco tem sido feito com relação às políticas de preservação.

“Infelizmente, nos últimos anos só tivemos retrocessos no setor. Do Mato Grosso ao Pará, um longo corredor verde estende-se formado por diferentes áreas de proteção. Assim que o governo federal propôs rever unidades de conservação, a ação criminosa de grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais se intensificou na região.

Mas ainda há esperança. Paula destaca que, embora o País ainda tenha muito o que avançar para efetivamente conservar seus biomas, é importante lembrar que a legislação brasileira é uma das mais completas sobre meio ambiente.

Um bom exemplo é o Código Florestal brasileiro, que estabelece a responsabilidade do proprietário de espaços protegidos entre a Área de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL) de proteger estas áreas.

“O problema são os órgãos de fiscalização que tem poucos recursos humanos e logístico, falta capacitação dos envolvidos aliado a morosidade da burocracia, levando muitas vezes a impunidade.”

Educação ambiental

Paula Barbosa é uma das muitas pessoas que trabalham para reverter essa situação. Levando a educação ambiental para crianças e jovens, ela está à frente  dos projetos Arborescer e do Museu Itinerante da Flora e Fauna da Amazônia Mato-Grossense” realizado pelo ABAM (Acervo Biológico da Amazônia Meridional) da Universidade Federal de Mato Grosso, ambos realizados pela UFMT.

Para a professora, a educação ambiental é a chave para o desenvolvimento sustentável. É inadmissível que nossos hábitos de hoje sejam os mesmos de 30 anos atrás. A Educação ambiental não é só uma disciplina ou uma ferramenta pedagógica, é uma filosofia de vida.

“Ela tem o objetivo de transformar a sociedade, tornando os cidadãos mais conscientes e garantindo assim uma maior qualidade de vida para todos.”

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