Por: André Garcia
Peixoto de Azevedo, no norte de Mato Grosso, ocupa a terceira colocação entre os municípios com maior área de garimpo no Brasil, com 11.221 hectares explorados. O nosso Estado, ao lado do Pará, concentra 91,9% do garimpo no país, com 59.624 e 113.777 hectares explorados, respectivamente.
Os dados, divulgados pelo MapBiomas nesta terça-feira, 27/9, aponta que, se considerada a mineração industrial e a atividade garimpeira, a porcentagem nos dois territórios é de 71,6%. De acordo com o estudo, a área de garimpo no Brasil dobrou em apenas uma década e confirmou a tendência de ultrapassar a mineração industrial.
Assim, de 1985 até o ano passado, o garimpo passou de 99 mil hectares para 196 mil hectares entre 2010 e 2021. A mineração industrial, por sua vez, precisou de duas décadas para ver os 86 mil hectares de área ocupada em 2001 dobrarem para os 170 mil hectares registrados em 2021.
Este é o terceiro ano consecutivo no qual mais território é ocupado pelo garimpo do que pela mineração industrial. A expansão tem endereço certo: o Bioma Amazônico.
“A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia, onde se localizam 91,6% da área garimpada no Brasil em 2021”, explica Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento.
Na série histórica, o garimpo só suplantou a área ocupada pela mineração industrial no final do século passado, entre 1989 e 2000.
Áreas protegidas
O relatório do MapBiomas aponta que a expansão garimpeira na Amazônia foi mais intensa em áreas protegidas, como territórios indígenas e Unidades de Conservação. Entre 2010 e 2021, as áreas de garimpo em terras indígenas cresceram 632%, ocupando quase 20 mil hectares no ano passado.
A terra indígena mais explorada foi a Kayapó (PA), na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021. Em seguida vem o território Munduruku (PA), com 4.743 hectares, a terra Yanomami (RR/AM), com 1.556 hectares, a Tenharim do Igarapé Preto (AM), com 1.044 hectares, e o território Apyterewa (PA), com 172 hectares.
O garimpo cresceu 352% dentro de Unidades de Conservação entre 2010 e 2021. A série histórica mostra que a área ocupada até 2010 encontrava-se abaixo de 20 mil hectares. Em 2021, já eram quase 60 mil hectares. Desse total, quase dois terços ficam na APA do Tapajós, onde o garimpo já ocupa 43.266 hectares.
Em segundo lugar vem a Flona do Amanã, com 5.400 hectares, seguida pela Flona do Crepori (1.686 hectares), a Parna do Rio Novo (1.637 hectares) e a Flona do Jamari (1.191 hectares).
Garimpo e mineração industrial
Ao todo, a Amazônia concentrava 242.564 hectares de área minerada (ou seja, somando garimpo e mineração industrial) em 2021. No caso da Mata Atlântica, esse total é de 63.892 hectares; no Cerrado, 46.070 hectares. A liderança da Amazônia permanece quando analisamos somente o garimpo, com 179.913 hectares. O Cerrado assume o segundo lugar, com 13.253 hectares e a Mata Atlântica o terceiro, com 2.299 hectares.
No caso da mineração industrial, a situação é diferente. Há quase um equilíbrio entre a área ocupada na Amazônia (62.650 hectares) e na Mata Atlântica (61.593 hectares). Outros 32.817 hectares ficam no Cerrado.
A diferença fica por conta de Minas Gerais, que lidera a modalidade industrial, com quase metade (46,9%) do total nacional, ou 61.181 hectares. Os outros Estados com maior área de mineração industrial são Pará (42.216 hectares), Goiás (11.606 hectares), Amazonas (8.166 hectares) e Bahia (7.442 hectares). Juntos, Minas Gerais e Pará respondem por 79,2% da área de mineração industrial brasileira.
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