Produtores de soja do sul e sudeste do Mato Grosso temem ver a janela da segunda safra comprometida em função das chuvas irregulares no Estado. O plantio da oleaginosa naquelas regiões está parado, segundo informações do Canal Rural.
Rogério Berwanger, produtor em Jaciara, por exemplo, resolveu interromper o trabalho de campo, após plantar mil hectares dos 1,7 mil hectares destinado para a soja na fazenda.
“A chuva está bem localizada em alguns pontos e isso é uma preocupação para nós produtores. Nós não podemos errar. O produtor hoje não tem mais margem para erro, tem que plantar e ficar bem plantado senão começa mal. Temos um ano muito crítico pelo custo de produção que foi muito alto, estratosférico, então tem que ter muito cuidado no plantar porque já são 50% da lavoura”, diz o produtor de Jaciara ao Canal Rural.
As plantas que germinaram na área semeada de Berwanger já sentem as consequências do estresse hídrico, diz ele
Já tivemos áreas com degolamento, e como a gente vê que a irregularidade já está muito grande isso aí dá medo. Muitos poucos pontos com boa umidade e muitos lugares com baixa umidade. As previsões são boas, mas previsão não é realidade. Tem que cair primeiro para depois a gente ver. Isso é categórico. Pode fazer qualquer conta que quiser, se tiver que replantar já vai plantar a safra com prejuízo”, frisa Berwanger.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura da soja alcançou 18,61% dos 11,8 milhões de hectares destinados para a cultura no estado na semana passada,
Algodão
No caso do algodão, a má distribuição das chuvas está obrigando produtores a alterarem o cronograma do plantio, principalmente daqueles que vão plantar a segunda safra. O produtor de Campo Verde Sadi Luiz Piccinin Júnior afirma que o clima o está levando a “desistir de uma parte do algodão para plantar milho”. “Esses dois anos os custos estão bem elevados, então não dá para arriscar muito”, explica.
Piccinin afirma que vai semear cerca de dois mil hectares de soja nesta safra 2022/23. Metade já recebeu as sementes. Ele afirma que o ritmo de trabalho com a oleaginosa está lento devido as irregularidades das chuvas e que não descarta o risco de perdas por falta de umidade.
“Estão sofrendo com estresse. Pode ter perdas, porque ela veio e não repetiu em cima da mesma área. Mas, se replantar aí vai ser milho também, porque aí só vai colher lá dentro de fevereiro. Mudamos de dois lados, plantamos um lado, aí plantamos do outro lado. Estamos apreensivos para ver o que vai vir por esses dias. Choveu 60 milímetros do começo do plantio até agora, mas isso dividido em quatro ou cinco chuvas. Insuficiente para garantir
Milho
E não é o sul e sudeste que estão sofrendo com a situação das chuvas. Na região médio-norte de Mato Grosso também tem produtor preocupado com o ritmo do plantio da soja e os impactos que isso trará para o milho segunda safra.
O produtor Silvano Filipetto, de Vera, nesta época do ano passado, já havia plantado 70% de sua área. Já a semeadura desta safra atingiu apenas 35%.
“Estamos com a nossa propriedade aguardando as chuvas. A nossa perspectiva era depois do dia 20 de setembro iniciar o plantio. Até agora se não me engano foram 10 milímetros de chuva em dois talhões da fazenda. Estamos extremamente atrasados, com no mínimo 10 a 12 dias de atraso. E, acreditamos numa quebra já na propriedade entre 15% e 20% na produção de milho no ano que vem. A safra de milho já está comprometida com esse atraso do plantio da soja”, diz Filipetto.
LEIA MAIS:
VBP Agropecuária de 2022 deve recuar em relação a 2021 em função da seca