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Agricultura triplica área de cultivo no Brasil em 37 anos

Agricultura triplica área de cultivo no Brasil em 37 anosExtensão é superior à de países como França e Espanha. Foto: CNA

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Por André Garcia

Lavouras de soja, arroz, cana-de-açúcar, algodão e outras culturas temporárias ocupam a quase totalidade da área cultivada no Brasil, com quase 60 milhões de hectares. A extensão, superior à de países como França e Espanha, mostra que a agricultura segue se expandindo pelo território brasileiro: em 2021, a atividade ocupava 62 milhões de hectares, três vezes mais que os 19 milhões mapeados em 1985.

Os dados fazem parte do recente levantamento do MapBiomas, feito a partir de imagens de satélite e classificação automatizada e mostram que, no caso das culturas temporárias, a expansão nos últimos 37 anos foi de 3,3 vezes, passando de 18,3 milhões de hectares em 1985 para 59,9 milhões de hectares em 2021.

Esse crescimento fez com que o número de municípios com mais de mil hectares de lavoura temporária aumentasse de 1.570, em 1985, para 2.985 em 2021.  Houve um aumento de área de lavoura temporária principalmente em municípios do Cerrado e do Pampa, onde já existe uma consolidação de áreas agrícolas. No entanto, também houve um avanço no bioma Amazônia.

De forma geral, entre 1985 a 2021, a expansão da agricultura se deu majoritariamente sobre áreas de pastagens e áreas já previamente antropizadas. Após a definição do marco de regularização ambiental de 2008 pelo Código Florestal de 2012 houve um aumento de conversão de áreas de pastagem para agricultura temporária, nos biomas Amazônia e Cerrado.

Por exemplo, entre 1996 e 2008, na Amazônia cerca de 1 Mha de pastagem foram convertidos para agricultura temporária, e no Cerrado, foram cerca de 5 Mha. Já entre 2009 e 2021, na Amazônia, a conversão da pastagem para agricultura foi 3 vezes maior, enquanto no Cerrado esse aumento foi cerca de 1,12X após o marco temporal de 2008.

Silvicultura

Nesse período, a silvicultura passou de 1,5 milhão de hectares para 8,8 milhões de hectares mapeados em 2021, uma expansão de 598% ao longo de 37 anos. Composta basicamente de florestas plantadas para extração de matérias-primas, esta cultura envolve o manejo do solo e das condições climáticas, a seleção de material genético para o plantio, o controle de pragas, a extração e replantio das árvores, entre outros.

De acordo com o levantamento do MapBiomas, municípios com mais de mil hectares de silvicultura passaram de 250 em 1985 para 1.052 em 2021. Ou seja, 802 municípios incorporaram a atividade em menos de quatro décadas. Segundo o mapeamento, o bioma com maior área proporcional dedicada a plantios florestais é a Mata Atlântica, com 4%, seguido de perto pelo Pampa (3,9%) e pelo Cerrado (1,6%).

Nos últimos anos, a conversão sobre áreas naturais se estabilizou e a expansão da silvicultura sobre áreas já antropizadas, como pastagens, cresceu. Foi o que ocorreu nos biomas com as maiores áreas de silvicultura: Mata Atlântica e Cerrado. Em extensão territorial, a área mapeada de silvicultura em 2020 atingiu 4,4 milhões de hectares na Mata Atlântica, 3,2 milhões de hectares no Cerrado e 700 mil hectares no Pampa.

Lavouras perenes

O MapBiomas começa a acompanhar o histórico de algumas lavouras perenes, principalmente o café e o citrus. Estas tiveram uma expansão mais lenta do que as lavouras temporárias mapeadas pelo MapBiomas: o crescimento entre 1985, quando ocupavam 800 mil hectares, e 2021, quando alcançaram 2,28 milhões de hectares, foi de 2,9 vezes.

O aumento destas áreas ocorreu mais significativamente (cerca de 19 mil ha) nas regiões do triângulo mineiro e no sul do estado de Minas Gerais, onde o cultivo de café é expressivo, além do nordeste do Pará, onde existe monocultivo de dendê, e norte da Bahia, pólo de irrigação de Petrolina.  Isso fez com que o número de municípios com mais de mil hectares de lavouras perenes saltasse de 206 para 447 nas últimas décadas.