Por André Garcia
O desmatamento segue em alta na Amazônia mato-grossense. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira, 11/11, mostram que em outubro o Estado perdeu 150 km² de floresta nativa, o que o coloca na segunda colocação entre os desmatadores, atrás do Pará (435 km²) e à frente do Amazonas (142 km²).
Ao todo, o bioma teve 904 km² devastados no último mês, um valor 3% maior que o registrado em outubro do ano passado e 40% maior que a média da série histórica do Deter (2015-2021). Com isso, o desmatamento acumulado entre 1º de janeiro e 31 de outubro de 2022 é o maior em sete anos, com a destruição de 9.494 km².
Queimadas disparam
As queimadas também dispararam em diversos Estados amazônicos. Tanto em Mato Grosso, quanto no Acre e no Amazonas, onde o número de incêndios florestais costumava cair graças ao início das chuvas, os valores constatados estão muito acima das médias registradas entre 2012 e 2021 para os primeiros 10 dias de novembro.
Para se ter uma ideia, considerando o período de 1º a 10 deste mês, a quantidade de queimadas em Mato Grosso mais que dobrou, passando de menos de 300 para mais 800 registros, de acordo com gráfico elaborado pela WWF-Brasil com base nos dados divulgados pelo Inpe.
Menos fiscalização, mais casos
A intensificação da devastação coincide com o fim do segundo turno das eleições presidenciais e com uma ordem do Governo Federal para que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) reduza gastos com fiscalização em 80%.
De acordo com a WWF-Brasil, desde o dia 1º de novembro, setores do Instituto vêm recebendo mensagens com ordem para “cancelar todas as operações de fiscalização que dependam de recursos orçamentários (diárias, passagens, combustível, suprimento e outros) planejadas para a primeira quinzena de novembro”.
Enquanto a Amazônia sofre com a destruição, governos e grandes empresas, especialmente do setor agrícola, apresentaram metas para o fim do desmatamento no bioma, durante a COP-27, em Sharm El Sheikh, no Egito. Para ambientalistas, contudo, os compromissos carecem de data de corte mais clara para o desmatamento.
Isso porque, sem eliminar o desmatamento e a conversão de ecossistemas das cadeias de suprimentos, será praticamente impossível reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa aos níveis necessários para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 1,5ºC, o que é fundamental para evitar uma catástrofe climática.
LEIA MAIS:
Mato-grossenses sofrem com fumaça de queimadas na Amazônia
Mato Grosso lidera registro de queimadas, de janeiro a julho
Cerrado tem recorde de queimadas em maio; número é o maior desde 1998
MT decreta emergência ambiental a partir de maio para evitar queimadas
Você sabe qual é a diferença entre queimada e incêndio florestal?