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Superior ao da agricultura, área de pasto cresceu 197% em MT

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Por André Garcia

Com dimensão aproximada a do estado de Sergipe, a área de pastagem cresceu 197% ao longo de 37 anos em Mato Grosso, o vice-líder no ranking nacional. Totalizando 20.2 milhões de hectares, a abertura do pasto foi e ainda é motivada tanto pela pecuária quanto pela grilagem e especulação imobiliária.

No Mato Grosso, a área expandida para pasto se estende aos três biomas do Estado: Amazônia, Cerrado e Pantanal, correspondendo a 22,7% da cobertura do solo no território. A título de comparação, a agricultura, principal atividade econômica mato-grossense, compreende 12.%, com total de 11.5 milhões de hectares.

O pasto também é 164 vezes maior que o de toda área urbanizada, que corresponde a apenas 122.6 mil hectares divididos entre 141 municípios.

Os dados fazem parte de mapeamento do MapBiomas, e apontam que, ao lado de Mato Grosso, o Pará (1ª posição) e Minas Gerais (3ª posição) compõem a lista das maiores áreas de pastagem brasileiras, com 21.1 milhões e 19.3 milhões de hectares, respectivamente.

É também a partir da plataforma do Map Biomas que a relação entre o avanço da agropecuária e a perda de florestas no Estado fica evidente. Enquanto o agronegócio avançou sobre mais de 21,4 milhões de hectares, as florestas perderam 20.1 milhões de hectares em quase quatro décadas.

Outras atividades

Falando sobre a agricultura, o plantio de soja, por exemplo, aumentou de 418.7 mil para 9.9 milhões de hectares entre 1985 e 2021. Já a cultura do algodão, que passou a ser computada pelo sistema em 2000, ocupava inicialmente 5.3 mil hectares, totalizando hoje 38.7 mil hectares.

Na plataforma, que traz dados sobre outras culturas, como cana de açúcar, arroz e café, uma atividade potencialmente perigosa para os três biomas mato-grossenses se destaca: a mineração. A ocupação do solo por esta atividade era de 7.5 mil hectares em 1985, chegando a 65.7 mil hectares em 2021.

Prejuízo mundial

Em 1985, apenas 6% (cerca de 50 milhões de hectares) da Amazônia haviam sido transformados em áreas antrópicas, como pastagens, lavouras, garimpos ou áreas urbanas. Em 2021, essa área quase triplicou, chegando a 15% (quase 125 milhões de hectares) de toda a região, uma perda líquida de quase 10% da vegetação em 37 anos.

A magnitude da destruição varia de um país para outro: no Suriname, na Guiana e na Guiana Francesa é de apenas 1,6%, mas no Brasil chega a 19%. Esse percentual está muito próximo do ponto de inflexão ou ponto sem retorno, calculado pelos cientistas na faixa entre 20% e 25% de perda da cobertura vegetal.

Estes resultados foram apresentados nesta sexta-feira (2), no auditório da Embaixada do Brasil em Lima. A preocupação é que, se a tendência continuar, o bioma, que é um sumidouro de carbono de importância planetária, chegará a um ponto sem volta, afetando irreversivelmente seus serviços ecossistêmicos.

Cenário nacional

O principal uso dado ao solo no Brasil continua sendo a pastagem: de toda a área desmatada no país (quase 35% do território), aproximadamente 90% foram ou continuam sendo de pasto. Com presença nos seis biomas, ele ocupa atualmente cerca de 151 milhões de hectares de norte a sul.

Mas a área total pode ser ainda maior porque esse número não integra parte dos campos naturais no Pampa e Pantanal, que cobrem 12 milhões de hectares, e áreas de mosaico de usos, onde não é possível separar agricultura e pastagem (ou elas ocorrem de forma consorciada), correspondendo a 42 milhões de hectares.

Alerta na Amazônia

A partir da análise de imagens de satélite, é possível identificar que nas últimas duas décadas, a área de pastagem cresceu 40% na Amazônia. O avanço coloca a região no topo da lista dos biomas com maior área, em termos percentuais, com 36%. Cerrado tem 31%, Mata Atlântica 18%, Caatinga 12% e Pantanal têm 2%.

No mesmo período, esse tipo de cobertura de solo diminuiu substancialmente na Mata Atlântica (28%) e no Cerrado (10%), onde 10,2 milhões de hectares foram transformados em lavouras temporárias.

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