HomeEcologia

Salvação da lavoura, morcegos ainda resistem em áreas de pasto no Pantanal

Salvação da lavoura, morcegos ainda resistem em áreas de pasto no PantanalMorcego-da-cara-branca, um dos frugívoros amostrados pelo estudo na área degradada de uma fazenda no Pantanal mato-grossense. Foto: Marcione Oliveira/oeco

Imac apresenta balanço sobre a Missão Europa a pecuaristas de MT
AGU aponta fraudes e quer impedir extinção do Cristalino II
Coalizão Brasil mobiliza governo para criação de política nacional de bioeconomia

Já que estamos em época da COP da Biodiversidade da ONU, que ocorre de 7 a 19 de dezembro, no Canadá, falemos da importância dos morcegos para sua propriedade rural. Você sabia que, além da dispersão de sementes e polinização, a presença desses mamíferos também pode significar a diluição de patógenos e doenças? Eles podem ser, literalmente, a salvação da lavoura.

A boa notícia é que, encurralados pela degradação de florestas e em busca de comida e abrigo, os morcegos ainda resistem em áreas utilizadas pela pastagem. Isso é o que revelam pesquisadores brasileiros que analisaram o comportamento do voador em “sobras de floresta” de uma fazenda de criação de gado no Pantanal.

A conclusão foi que, apesar de se apresentarem em menor número de indivíduos em alguns grupos, os morcegos ainda apresentam grande abundância de algumas espécies, e desempenham serviços ambientais importantes tanto para as áreas remanescentes no entorno do pasto quanto para o próprio gado, através do controle de pragas, dispersão de sementes e polinização.

Essa relação entre morcegos e áreas degradadas pela pastagem foi descrita em estudo que acaba de ser publicado na revista científica alemã Mammalia, e que fez parte do mestrado em Biologia Animal (Zoologia) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) de Marcione Brito de Oliveira, autora principal da investigação.

O estudo chama a atenção da importância da manutenção dos remanescentes de floresta em áreas degradadas para os morcegos – uma vez que os voadores também os utilizam como refúgio –, assim como para os serviços ecológicos prestados por eles. E, ao mesmo tempo, alerta para a falta de informação sobre qual o nível de degradação aceitável pelos voadores para que a sua conservação seja mantida.

Ao todo, o estudo analisou 24 fragmentos de territórios dentro de uma fazenda situada em Barão de Melgaço, município mato-grossense que integra a região norte do Pantanal. “Fragmentos florestais são áreas de vegetação natural interrompida por barreiras antrópicas ou naturais. Por exemplo, na área de estudo tínhamos fragmentos de floresta de acuri, vegetação natural do bioma Pantanal”, afirma Oliveira a ((o))eco.

A pequisa chegou ao número de 27 espécies de morcegos identificadas, que foram divididas em 11 grupos funcionais: os que se alimentam de frutos (frugívoros); insetos (insetívoros); sangue (hematófago); carne (carnívoro); nectar (nectarívoro); entre outros. No período seco, foram identificados 306 morcegos entre esses grupos, enquanto que no começo do período cheio foram identificados 352, o que configura um total de 658 registros de morcegos no total.

De outro lado, o estudo chegou à conclusão de que outros grupos funcionais, como o de frugívoros, encontrados em maior abundância tanto no começo da cheia (145 morcegos) quanto na seca (308), não apenas estavam convivendo nos fragmentos como também estavam contribuindo para a manutenção dos remanescentes de floresta nas áreas degradadas.

Quanto às espécies que normalmente não são encontradas em áreas degradadas, essas foram encontradas em menor número de indivíduos nos fragmentos florestais da fazenda. No total, foram 27 morcegos, sendo eles: Lophostoma brasiliense (5 morcegos), Lophostoma silvicolum (3), Trachops cirrhosus (6) e Garderycteris crenulatum (13).

Fonte: Michael Esquer/ oeco