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Ausência do governo no combate à destruição ambiental prejudicou o agro, avalia setor

Ausência do governo no combate à destruição ambiental prejudicou o agro, avalia setorAusência do poder público também vem aumentando a pressão da comunidade internacional sobre o setor privado. Crédito: Green Peace

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O combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e o retorno do Brasil às negociações internacionais sobre as questões climáticas devem pautar o agronegócio em 2023. É o que propõe o discurso de empresários e especialistas do setor, ao concluírem que a inação do atual governo para deter a devastação colaborou para que a União Europeia aprovasse uma lei que barra a importação de commodities associadas à degradação ambiental .

O assunto permeou o debate no Agrovision, evento promovido ontem pelo Itaú BBA.

“O Brasil tem sido vilanizado nessa área, mas por causa do descontrole da ilegalidade, essencialmente. Isso pode ser reduzido, pode ser feito um esforço coordenado. Deve ser a principal marca do novo governo”, disse Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper, ao jornal Valor Econômico.

A ausência do poder público também vem aumentando a pressão da comunidade internacional sobre o setor privado.

“Os acordos que estão sendo feitos para evitar o desmatamento é por vácuo ou ausência do poder público coibindo a ilegalidade. Isso faz com que os mercados se voltem para o setor privado, para que façam o papel de governo. É ruim, mas é o que nos sobra”, criticou o CEO da Cargill, Paulo Sousa.

Na COP27, gigantes do agro assinaram acordo com novos compromissos para acabar com o desmate. Ao Valor, ele pontua que o receio, contudo, é que a deterioração da situação na Amazônia leve a bloqueios não só para os produtos do bioma, mas também para os do Cerrado, por associação.

Vale destacar que a lei europeia contra o desmatamento nas cadeias agropecuárias dos exportadores não abrangeu, por enquanto, biomas de savana, como o Cerrado. Mas pode haver alterações no próximo ano.

Oportunidade de negócio

A redução do desmatamento poderá fazer o Brasil baixar as emissões de gases-estufa facilmente e aproximar o país do patamar carbono neutro. Além disso, a expectativa é de que assim que o Brasil voltar às discussões globais sobre clima, também poderá pautar as oportunidades para o agro, como o potencial dos biocombustíveis e de práticas de redução de emissões na agropecuária.

A chave para isso está na captação de incentivos, que separarão os que fazem agricultura sustentável dos que não fazem. Neste contexto, uma das maiores oportunidades para o agro na descarbonização deve ser a produção de bioquerosene de aviação (SAF, na sigla em inglês), que pode ser produzido a partir do biodiesel ou mesmo do etanol.

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