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Anomalias da soja são estudadas por rede de pesquisadores

Anomalias da soja são estudadas por rede de pesquisadoresPatógenos, questões climáticas e sistema de produção são possíveis causas. Foto: Embrapa

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Por André Garcia 

Responsáveis pela redução significativa de produtividade em lavouras com alto potencial produtivo, principalmente nas primeiras semeaduras, o apodrecimento da soja e o quebramento da haste vêm tirando o sono de produtores de Mato Grosso desde 2019. Com crescimento gradual observado principalmente no Médio Norte do Estado, o problema é alvo de uma rede de pesquisadores que buscam identificar a causa das anomalias para propor uma solução.

Em setembro deste ano, o agrônomo da Embrapa Agrossilvipastoril de Sinop, Auster Farias, explicou ao Gigante 163 que na safra 2019/2020, quando foram constatados os primeiros sintomas, cogitou-se que a causa teria sido o excesso de chuva registrado naquela época.

“Ainda era uma coisa pequena. Mas nas safras seguintes não tivemos problema com excesso de chuva e ainda assim as perdas continuaram crescendo.”

Ainda sem uma conclusão, o pesquisador explica que agora as equipes trabalham com diferentes hipóteses relacionando o apodrecimento a patógenos (organismos causadores de doenças), às condições climáticas ou ainda ao sistema de produção.

“Pode ser que não seja um fator isolado, mas sim um conjunto dessas causas”, explica o pesquisador.

Já a pesquisadora Dulândula Wruck, da Embrapa Agrossilvipastoril, conta que foram identificados fungos em materiais coletados na última safra, porém, quando inoculados em plantas em casa de vegetação, os sintomas não foram reproduzidos. De toda forma, a pesquisa realizada nesta safra testa diferentes estratégias de controle do patógeno, como tratamento de semente, aplicação de fungicidas multisítio ou sitioespecífico, além de diferentes épocas de aplicação.

A rede

O conjunto de experimentos é conduzido, de forma integrada em Mato Grosso e Rondônia, por instituições de pesquisa, empresas de melhoramento genético, de consultorias e sementeiras. As áreas de pesquisa estão localizadas em Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, em Mato Grosso, e em São Miguel Ariquemes e Guaporé, em Rondônia.

Atualmente fazem parte da rede de pesquisa a Embrapa (por meio das unidades Agrossilvipastoril, Cerrados e Soja), Basf, Syngenta, Bayer, TMG, GDM, Fundação Rio Verde, Coacen, FitoLab, Aprosoja, Proteplan, EPR Consultoria, HO Sementes, Fundação Mato Grosso, Plantagro, Universidade Federal de Rondônia, Universidade Federal de Mato Grosso, Agronorte, Ihara, UPL, Corteva , Sipcan, Solo Fértil e MZ Serviços Agrícolas.

Metodologia

Cada experimento serve para observação e coleta de dados relacionados aos dois problemas. São 12 ensaios que avaliam 42 cultivares geneticamente modificadas, 12 ensaios com materiais convencionais (não transgênico) e 12 ensaios com 9 cultivares e 3 épocas de plantio. Há ainda seis ensaios com uso de diferentes estratégias de fungicidas.

De acordo com Farias, nos experimentos em campo, estão sendo coletados tecidos vegetais para isolamento de patógenos visando identificar possíveis causas e também serão coletadas amostras para estudos genômicos. “Nosso objetivo é selecionar materiais mais resistentes ao quebramento e à podridão da vagem, além de identificar as causas dos problemas.”

Quebramento da haste

O quebramento da haste ou tombamento da soja começou a ser observado com maior intensidade na safra 2021/2022 na região médio-norte de Mato Grosso. O problema leva ao quebramento das plantas normalmente a partir de R5. No local do quebramento há escurecimento do interior da haste, porém, ainda não se sabe se os microrganismos ali presentes são a causa do quebramento ou se são uma consequência.

Apodrecimento da vagem

O apodrecimento de grãos e vagens em estágio final de formação em lavouras de soja vem sendo observado com maior frequência em algumas regiões brasileiras, desde a safra 2019/2020, em especial na região do médio-norte de Mato Grosso, causando redução significativa de produtividade. Em 2022 As anomalias representam ameaça para uma área de cultivo de 2.5 milhões de hectares, quase 30% da área plantada no Estado.

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