HomeEcologia

Em 2022, MT devastou área na Amazônia maior que São Paulo

Em 2022, MT devastou área na Amazônia maior que São PauloTrês estados, entre eles MT, respondem por quase 80% do desmatamento. Foto:Ibama

Quase 80% do garimpo está a menos de 500m de cursos d’água
Territórios indígenas são principais áreas preservadas no Brasil, diz pesquisa
Combate à ilegalidade resulta em queda de 84% na produção de ouro

Por André Garcia

A Amazônia mato-grossense perdeu uma área maior que a da cidade de São Paulo em 2022. Na comparação entre 2021 e 2022, o desmatamento aumentou de 1.504 km² para 1.604 km², mantendo o Estado como terceiro maior devastador do bioma no Brasil. O número é inferior apenas aos 3.874 km² e 2.575km² registrados por Pará e Amazonas.

Divulgados nesta quarta-feira, 18/1, os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e mostram que, entre os nove estados que compõe a Amazônia Legal, os três principais desmatadores somam 76% do dano total: 37% no Amazonas, 24% no Pará e 15% no Mato Grosso.

De acordo com o levantamento, feito a partir ferreamente de monitoramento via satélite do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Colniza (1064 km de Cuiabá) ocupa a sexta colocação entre os 10 municípios que mais desmataram no país, sendo a líder no Estado, com 340 km².

Em um cenário geral, a Amazônia sofreu em 2022 com o quinto recorde anual consecutivo no desmatamento. Entre janeiro e dezembro, foram devastados 10.573 km², a maior destruição em 15 anos. Isso equivale à derrubada de quase 3 mil campos de futebol por dia de floresta.

Com isso, o desmatamento acumulado nos últimos quatro anos, entre 2019 e 2022, chegou aos 35.193 km². Uma área que supera o tamanho dos estados de Sergipe e Alagoas (21 e 27 mil km²). Além de representar um aumento de quase 150% em relação ao quadriênio anterior, entre 2015 e 2018, quando foram devastados 14.424 km².

Piora no cenário

Em 2022, Amazonas e Mato Grosso foram os únicos estados que tiveram aumento na destruição em relação a 2021, tanto em áreas federais quanto em estaduais, sendo os responsáveis pelo fechamento do acumulado da Amazônia em alta.

O caso mais grave foi do Amazonas, onde a devastação cresceu 24% em comparação com o ano anterior, quando foram derrubados 2.071 km². No estado, a derrubada vem avançando principalmente na divisa com o Acre e Rondônia, na região de expansão agropecuária chamada “Amacro”.

“Estamos alertando sobre o crescimento do desmatamento na Amacro pelo menos desde 2019, porém não foram adotadas políticas públicas eficientes de combate à derrubada na região, assim como em toda a Amazônia, resultando nesses altos números de destruição em 2022”, lamenta o coordenador do Programa de Monitoramento, Carlos Souza Jr.

Política de governo

O discurso adotado pelo novo governo, que tem prometido a priorização e defesa do da floresta, traz uma perspectiva mais positiva para quem atua no setor. Segundo a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos, a expectativa é que esse tenha sido o último recorde de desmatamento registrado pelo sistema de monitoramento.

“Mas, para que isso aconteça, é preciso que a gestão busque a máxima efetividade nas medidas de combate à devastação, como algumas já anunciadas de volta da demarcação de terras indígenas, de reestruturação dos órgãos de fiscalização e de incentivo à geração de renda com a floresta em pé”, diz.

Os dados de dezembro de 2022 dão uma dimensão do desafio. No período, o bioma perdeu 287 km², 105% a mais que no mesmo mês de 2021, quando foram devastados 140 km². Foi o mês que teve a maior alta do ano na derrubada. Com isso, 2022 também teve o pior dezembro desde 2008, quando o monitoramento do Imazon começou.

“No último mês do ano, houve uma corrida desenfreada para desmatar enquanto a porteira estava aberta para a boiada, para a especulação fundiária, para os garimpos ilegais e para o desmatamento em terras indígenas e unidades de conservação. Isso mostra o tamanho do desafio do novo governo”, pontua Carlos.

LEIA MAIS:

COP27: Governador do MT defende perda de propriedade para quem desmatar

COP27: Exploração ilegal de madeira é impulsionada por 100 propriedades rurais com CAR

Desmatamento e queimadas explodem na Amazônia

Desmatamento na Amazônia bate recorde no primeiro trimestre de 22

MT é o terceiro no ranking de destruição da Amazônia

Desmate avança sobre a Amazônia e acende alerta para o agronegócio

Desmate na Amazônia explode em agosto e alcança 2ª pior marca

MT concentra 70% da exploração ilegal de madeira na Amazônia