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Soja e milho puxam supervalorização de terras no Brasil

Soja e milho puxam supervalorização de terras no BrasilCenário pode ser outro em 2023, já que preços devem subir menos. Foto: Pexels

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Nos últimos três anos, os preços das terras agrícolas no Brasil – impulsionadas por soja e milho –  subiram 127,4%. Em 2019, o hectare destinado à produção de grãos valia, em média, R$ 23,4 mil. Nesse intervalo, também aumentaram de maneira expressiva os preços das áreas de cultivo de cana-de-açúcar, pastagens, café e florestas plantadas. As informações são do Valor Econômico. 

Mas em 2023 o cenário pode ser outro, uma vez que preços deverão aumentar menos do que nos anos anteriores. Especialistas apostam em uma janela de oportunidades para aquisição de áreas a partir do segundo semestre aos investidores que estiverem com liquidez. O diretor de novos negócios da AGBI, Mario Lewandowski, acredita que a continuidade dos altos custos no campo, somada aos juros elevados, vai cobrar a conta daqueles produtores que não fizeram bom planejamento financeiro e apostaram na alavancagem. A opção para alguns, de acordo com ele, será a venda de áreas.

“Muitos agricultores vão ter dificuldades para fazer frente às parcelas do ano passado e para conseguir crédito bom neste ano, principalmente quem se financiou com dinheiro mais caro. Daqui a seis meses, com o aumento de juros e custos, o produtor que não fez a conta certa vai ter que colocar um pedaço da terra para vender neste ano”, disse Lewandowski ao jornal.

Juros altos

Os juros do Brasil saltaram de 2% para 13,75% ao ano. Ainda não há sinais de queda brusca no curto prazo. Caso isso aconteça nos próximos meses, na avaliação do diretor de novos negócios da AGBI, os agricultores se reorganizam.

“O nosso entendimento é que esse é bom momento para estar líquido porque oportunidades aparecerão”, explicou.

O especialista ressaltou que o preço da terra não está “bom para comprar” e que os índices não vão diminuir, pois são atrelados à cotação dos produtos agrícolas e têm os valores corrigidos pela inflação continuamente. Entretanto, deverá haver uma acomodação enquanto o mercado se ajusta às novas condições de juros e custo de insumos.

O cenário atual

De acordo com relatório da S&P Global, na região Centro-Oeste brasileiro, o preço médio da terra ficou em R$ 26,7 mil por hectare no último trimestre de 2022. A pesquisa identificou áreas precificadas a R$ 1 mil e outras a R$ 124 mil. No Sul, região mais consolidada e de maior valorização, houve registro de terrenos cotados a R$ 212 mil por hectare. O preço mais baixo identificado em terra produtiva no país foi no Pará, por R$ 300 o hectare.

O relatório, divulgado neste mês, aponta que o mercado ficou mais “atenuado” no último trimestre de 2022 “em função dos elevados preços das terras, do recuo nos indicadores de algumas commodities e da sensibilidade do mercado em relação ao novo governo eleito”.