Por André Garcia
Dos 16,3 milhões de hectares incendiados no Brasil em 2022, mais de 3,6 milhões estão em Mato Grosso. Além de encabeçar o ranking nacional, com aumento de 7% da área total afetada em comparação com 2021, o Estado também foi o que mais queimou os dois biomas brasileiros mais prejudicados pelo fogo: Amazônia e Cerrado.
Os dados são do Monitor do Fogo da plataforma MapBiomas em parceria com Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Divulgados nesta terça-feira, 31/1, mostram que os números mato-grossenses acompanham o aumento de 14% dos incêndios florestais em todo o país.
No ano passado, a Amazônia ultrapassou o Cerrado e atingiu a marca de 7,9 milhões de hectares, número que representa quase metade (49%) de tudo o que foi queimado entre janeiro e dezembro. De acordo com o MapBiomas, Mato Grosso Pará e Tocantins foram os maiores responsáveis pelo índice.
Já o Cerrado perdeu 7,4 milhões de hectares (45% do total) em 2022. Este continua sendo o bioma mais afetado pelo fogo, uma vez que sua área equivale a metade da extensão da Amazônia Brasileira. Neste caso, Mato Grosso Tocantins e Maranhão respondem por maior parte da destruição.
A pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo, Vera Laísa Arruda, explica que apesar de o fogo fazer parte da dinâmica do Cerrado, a ação humana é prejudicial para o bom funcionamento do ecossistema.
“Com as queimadas cada vez mais frequentes, a vegetação vai perdendo sua capacidade de recuperação. A situação se agrava com as mudanças climáticas, que fazem com que o Cerrado fique cada vez mais quente e seco, tornando-o mais suscetível a eventos de fogo em grande escala”, avalia.
A diretora de Ciência no Ipam e coordenadora do MapBiomas Fogo, Aline Alencar, também comenta sobre o crescimento dos números.
“Em condições naturais isso não deveria estar acontecendo, o que indica um claro impacto da ação humana no aumento do fogo e da degradação dessas florestas”, diz.
A boa notícia, entretanto, vem do Pantanal que apresentou a menor área queimada nos últimos quatro anos. Em dezembro de 2022 foram queimados 17.984 hectares, o que representa redução de 85% em comparação a 2021. Dentre os tipos de uso agropecuário queimados no ano passado, as pastagens se destacaram, representando 25% da área atingida.
Com relação às Unidades de Conservação e Terras Indígenas, apenas duas áreas situadas no Estado são mencionadas na publicação do MapBiomas: o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e o Parque Indígena do Xingu, respectivamente.
Cenário nacional
Em 2022, o Brasil perdeu para o fogo mais de 163 mil km², quase o território do Acre (152.581 km²). No período, a área de florestas queimadas quase dobrou: foram cerca de 2,8 milhões de hectares, um crescimento de 93% em relação ao ano anterior.
A maioria das queimadas foi registrada na Amazônia e no Cerrado, que juntos concentram 95% da área destruída. Vale destacar que os incêndios se concentraram em regiões campestres e de savana (43%), formações que são encontradas no Cerrado, enquanto 25,4% da área atingida era de pastagens.
Sobre o Monitor do Fogo
O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil divulgado a partir de 2019. A ferramenta mostra em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição.
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Fonte: MapBiomas