Por André Garcia
A safra 2022/23 saiu cara ao produtor de soja mato-grossense, que teve que arcar com os custos de produção mais altos da história, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Para a temporada 2023/24, uma boa notícia anima o setor: as sementes deverão custar até 15 % menos na projeção entre janeiro deste ano e janeiro do ano que vem. Sobre os fertilizantes, a queda estimada é de 19,4%.
As informações são do Projeto Soja Brasil com base no relatório mensal de Custos de Produção da Soja Transgênica, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado na segunda-feira, 27. Com relação às sementes, o estudo aponta redução de R$ 783,46 para R$ 665,06 por hectare, enquanto para os fertilizantes, deve cair de R$ 2.417,29 para R$ 1.946,91 a cada hectare aplicado.
Outros elementos que podem aliviar o bolso do produtor estão relacionados à pós-produção da soja: a classificação e o beneficiamento caem 17,5% (de R$ 68,18 para R$ 56,22); e a armazenagem decresce ainda mais: 43,7%, indo de R$ 26,84 para R$ 15,10. Os valores têm o hectare produzido como referência. Os dados foram publicados pelo Canal Rural nesta quarta-feira,1/3.
Projeção mais otimista
A Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda) tem uma projeção ainda mais otimista, com redução de até 70% no valor do insumo. O número equaliza a demanda para 2023 com perspectivas de superar o recorde de produção de 46,4 milhões de toneladas, registrado em 2021.
À Band, o presidente da Anda, Eduardo Monteiro, afirmou que os fertilizantes reduziram, em média, 70% para os nitrogenados e 60% fósforo e cloreto desde o pico de preços.
“Isso é muito importante para a produção de alimentos, gerando deflação e a gente já observa uma retomada significativa, com a perspectiva de batermos o recorde de 2021”, completou.
O analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, pondera que os números do Imea são muito preliminares, visto que o Brasil ainda está no meio da colheita da safra 22/23. Segundo ele, em relação aos fertilizantes, desde o segundo semestre do ano passado os preços já vinham caindo para alguns desses insumos após uma grande elevação ante 2021/22.
“Dados mais recentes de preço de soja naturalmente trazem preços mais baixos para as sementes do que o registrado há alguns meses. Isso porque o mercado está pressionado com a entrada da safra brasileira atual, que será grande”.
Produção sustentável
Além do impacto no preço final do alimento ao consumidor brasileiro, os fertilizantes são peça-chave na intensificação da produção sustentável.
“Se nós queremos, através da sustentabilidade – que é a nossa palavra de ordem – intensificar a produção brasileira com a conversão de pastagens, sem desmatamento, isso só vai acontecer se tivermos fertilizantes disponíveis”, ressaltou Fávaro.
Na semana passada, o Mapa e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços elaboraram estratégias do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). Assim, a reunião com a ANDA deu prosseguimento à estruturação do planejamento para que o Brasil seja menos dependente de importação dos insumos e ofereça segurança aos produtores.
“Descobrimos fragilidades muito grandes do sistema globalizado e isso nos faz refletir como o Brasil pode enfrentar a deficiência no suprimento de fertilizantes e se manter no protagonismo da produção de alimentos”, concluiu o ministro da Agricultura e Pecuária.
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