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MT responde por metade do desmate na Amazônia Legal em fevereiro

MT responde por metade do desmate na Amazônia Legal em fevereiroEstado lidera ranking nacional, à frente do Pará e Amazonas. Foto: Agência Brasil.

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Por André Garcia 

Com 145 km² afetados por alertas de desmatamento, Mato Grosso respondeu sozinho por metade dos 291 km² registrados em toda a Amazônia Legal em fevereiro de 2023. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira, 3/3, mostram que esta é a maior marca para o mês em toda a série histórica estadual, iniciada em 2015.

Fonte: Deter/Inpe

A partir de sinais diários de alteração na cobertura florestal, o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) aponta que o índice cresceu 86,12% na comparação entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2022, considerado até então o mais crítico dos últimos anos, com registro de 78,05 km².

Em relação aos números de janeiro deste ano (69,44 km²), a taxa mais que dobrou, colocando o Estado como líder isolado no ranking nacional para o período, seguido pelo Pará (44,5 km²), Amazonas (42,5 km²), Roraima (31 km²) e Rondônia (23,5km²). Com área equivalente a 59% do território brasileiro, a Amazônia Legal engloba ainda o Tocantins, Acre e parte do Maranhão.

Antes mesmo da consolidação dos números, o Gigante 163 adiantou, na última semana, o aumento que culminaria no recorde de desmate confirmado agora. Para se ter ideia, entre 1 e 17 de fevereiro, Mato Grosso já tinha devastado 129 km², encerrando o mês com a perda de floresta comparável à extensão da cidade de Natal (RN).

Fonte: Deter/Inpe

Por aqui, diferentemente dos meses de seca, quando predominam as cicatrizes de fogo, a degradação em fevereiro esteve mais relacionada ao desmatamento com solo exposto (144,8 km²). Segundo especialistas, isso pode significar risco de perda total da camada fértil, o que resultaria na desertificação e tornaria a área inutilizável.

Em um panorama geral, de 2015 até agora houve um total de 11.095, 21 km²  de alertas no Estado. É como se a Amazônia Legal mato-grossense tivesse perdido no período uma área do tamanho da cidade de Manaus, a segunda maior capital do Brasil em extensão.

Cautela

Como dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses chuvosos na maioria dos estados que englobam o bioma, as taxas de desmatamento são tipicamente menores durante esses meses.

Fonte: Deter/Inpe

No mês passado, porém, especialistas já apontavam que os números do Inpe para este ano deveriam ser interpretados com cautela, visto que janeiro registrou uma alta cobertura de nuvens e uma consequente queda nos números do período, que agora se vê refletida numa alta em fevereiro.

Em janeiro, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 167 km² em toda a Amazônia Legal e de 69,4 km² na parte mato-grossense, queda de 61% e 52%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2022.

 

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