Por André Garcia
Em poucos dias, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bloqueou R$ 25 milhões em recursos de crédito. O bloqueio diz respeito a financiamentos de produtores rurais ligados ao desmatamento e pode ser o pontapé que faltava para que os empresários do setor passem a investir mais em sustentabilidade.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, já adiantou que esta é a linha do banco, daqui para frente.
“O BNDES vai ser implacável. Nós não aceitamos mais empresários criminosos que desmatam e têm financiamento em bancos públicos e privados, porque estamos trabalhando com vários parceiros.”
Por outro lado, em sua gestão quer aumentar os investimentos para o Brasil reduzir os impactos ambientais das mudanças climáticas. Em entrevista à Agência Brasil na semana passada, ele citou o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES.
“Nós temos uma responsabilidade única. Ao mesmo tempo que nós temos que ter rigor e combater o desmatamento no Brasil e as emissões dos gases de efeito estufa, isso vai permitir atrair mais financiamentos, investimentos e alternativas. É o caso do Fundo Amazônia”.
Como já noticiado pelo Gigante 163, o Fundo Amazônia já recebeu R$ 3,3 bilhões em doações, com R$ 1 bilhão da Noruega e R$ 200 milhões vindos da Alemanha. Reino Unido e os Estados Unidos estão entre os que já manifestaram interesse em colaborar.
No total, o fundo acumula cerca de R$ 5,4 bilhões, com R$ 1,8 bilhão já contratados para financiar projetos de preservação socioambiental. O restante ainda está disponível, conforme edital do banco.
Oportunidade de negócio
O leitor do Gigante 163 sabe que, o que não falta é opção para investir. A recuperação de pastagem é uma delas. Barata, sustentável e lucrativa, a técnica aumenta a produtividade do gado e pode alçar o país à liderança no mercado de carbono, outro setor que deve estar no radar dos produtores.
A restauração florestal otimizada também pode ser um ótimo negócio. Um estudo do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) mostra que, se aplicada a apenas 10% da área degradada da Amazônia, ela é capaz de gerar uma receita de até R$ 132 bilhões. Em Mato Grosso o levantamento aponta a efetividade da ação especialmente em Colíder.
Além destas estratégias, é possível citar ainda a produção de bioinsumos, manejo sustentável, a redução das emissões de metano e o aumento na produção de leite e carne a partir da utilização de modelo matemático e o processo de adubação verde, dentre outros já mostrados por nós.
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