HomeEcologia

Inédito no País, etanol com pegada negativa de CO2 será produzido em MT

Inédito no País, etanol com pegada negativa de CO2 será produzido em MTObjetivo é chegar a carbono zero em três anos. Foto: Divulgação

Fávaro defende projeto brasileiro para transição sustentável
Selo de baixo carbono para soja avança e deve garantir bonificação
Presidente da Aprosoja afirma que setor deve fazer a sua parte na questão do clima

Lucas do Rio Verde (330 km de Cuiabá) será palco para uma iniciativa inédita no setor de biocombustíveis: a produção de etanol de primeira geração a partir do milho com pegada de carbono negativa. A primeira unidade de captura e injeção de carbono na cidade, fruto de um investimento de R$ 250 milhões, está em fase final de construção e deve começar a operar em maio.

De acordo com publicação da Valor Econômico, o trabalho foi anunciado pelo CEO da FS Agrisolutions, Rafael Abud, durante o Zero Summit, evento sobre estratégias de descarbonização da economia.

A partir da operação plena do projeto de captura e armazenamento de carbono da bioenergia no solo (BECCS), cada megajoule (MJ) de energia gerado pelo consumo de combustível da empresa resulte na captura líquida de 13 gramas de CO2.

Essa conta inclui tanto o carbono que deixa de ser emitido com a substituição da gasolina, quanto o que será efetivamente retirado da atmosfera.

“Nosso objetivo é ser carbono negativo em três anos”, ressaltou Abud.

Pegada de carbono

Atualmente, o etanol da FS emite mais gases de efeito estufa do que evita. Ainda assim, a pegada de carbono do biocombustível da companhia é uma das menores do País: 17 gramas por MJ, conforme pontuação na RenovaBio.

Os números, contudo, correspondem apenas à parcela certificada da matéria prima obtida pela empresa, de 41,4%, porcentagem inferior à registrada na planta de Sorriso (280 km de Cuiabá), de 84%.

A título de exemplo, no programa de baixo carbono da Califórnia, o etanol da FS tem uma pegada de mais ou menos 27 gramas por MJ, considerando as emissões geradas pelo transporte até os Estados Unidos. Ainda assim, o registro é muito menor que o do produto norte-americano, que chega a 77 g por MJ.

Segundo Abud, os níveis mais baixos da FS refletem características específicas das lavouras do Brasil, onde o grão é produzido na segunda safra, depois da primeira safra de soja. Essa rotação, além de diminuir o risco de associação à mudança indireta do uso do solo, também garante que a aplicação de fertilizantes seja menor.

BECCS

A sigla, do inglês Biomass Energy with Carbon Capture and Storage, denomina o processo de captura do gás carbônico gerado na usina, de forma praticamente pura. O trabalho segue com a fermentação do grão e sua implantação no subsolo, a 1,7 mil metros de profundidade. Uma só unidade do BECCS é capaz de capturar 30 gramas de carbono por MJ de energia gerada pelo consumo do etanol.

Rafael estima que a disseminação de projetos do tipo no Brasil poderia resultar na remoção de 34 milhões de toneladas de CO2 pela cadeia do etanol até 2030.

LEIA MAIS:

Brasil tem “década perdida” em emissões de carbono

Mapa e Comissão Europeia discutem economia de baixo carbono

Carbono zero é grande oportunidade para o agro

Ministros discutem incentivos à produção de baixo carbono

Desmatamento zero e agricultura de baixo carbono devem ser prioridades para o Brasil

‘Precisamos ter mais clareza de como o carbono no agro tem que se viabilizar no Brasil’