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Brasil negocia investimento chinês para recuperar pastagens degradadas

Brasil negocia investimento chinês para recuperar pastagens degradadasInvestimento necessário seria de mais de US$ 100 bilhões. Foto: Agência Brasil

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O Governo Federal negocia a participação da China no financiamento de um plano bilionário que mudaria a paisagem rural do país e aumentaria a produtividade, sem a necessidade de qualquer desmatamento. A ideia é transformar milhões de hectares de pastagem em áreas de produção agrícola.

A informações são de Jamil Chade, em coluna publicada no UOL nesta segunda-feira (27). De acordo com o jornalista, os cálculos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que a conversão de pastagem para cultivo custará US$ 3 mil por hectare. Considerando que no Brasil existem pelo menos 40 milhões de hectares que poderiam ser transformados, o investimento necessário ultrapassa os US$ 100 bilhões.

A ideia é que, ao longo dos anos, os próprios produtores façam o pagamento desses créditos em forma de soja, milho e outras commodities.

De acordo com Chade, a participação COFCO, a maior empresa de alimentos e agricultura da China, poderia ser um dos caminhos para concretizar o projeto. Apenas em 2021, a estatal lidou com 130 milhões de toneladas de commodities, movimentando US$ 42 bilhões. Nos últimos anos, a empresa se expandiu pelo mundo, justamente na busca de garantias de abastecimento para o rápido crescimento chinês. Fontes do governo indicaram que a COFCO sinalizou interesse e que iria designar uma pessoa no Brasil para iniciar conversas.

Uma segunda opção seria a ajuda dos chineses para financiar o BNDES. O banco brasileiro, nesse caso, facilitaria o crédito aos produtores nacionais que optarem pela mudança.

O governo ainda encomendou um estudo na Embrapa para avaliar qual é realmente a dimensão das terras de pastagens desgastadas que poderiam ainda ser convertidas. Algumas estimativas apontam que a área seria duas vezes maior do que se conhece hoje.

Negociações

A proposta tem sido abordada por técnicos do Ministério da Agricultura, que continuaram as reuniões e visitas às entidades e órgãos chineses mesmo após o cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, por conta de uma pneumonia.

O objetivo da visita é reposicionar Pequim na economia nacional, com a assinatura de mais de 20 acordos. Todos eles foram adiados até a confirmação de uma nova data para a visita de Lula. Atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de alimentos para a China e o país asiático é o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio.

Meta de governo

Como os leitores do Gigante 163 sabem, recuperar pastagens é mais barato do que desmatar . Tanto que a estratégia se tornou política de governo este ano. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, explicou aos interlocutores chineses que o governo estimulará a conversão de 40 milhões de pastagens degradadas em áreas cultiváveis, o que permitiria praticamente dobrar a área destinada à produção agrícola sem desmatamento e com sustentabilidade.

Uma das mensagens foi passada em um evento realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) em parceira com o Institute of Finance and Sustainability (IFS), o Climate Bonds Initiative (CBI) e o Global Environment Institute (GEI).

“Este é um programa que será incentivado pelo governo com linhas de crédito atrativas, para que o produtor, em vez de pensar em novos desmatamentos, capte recursos para converter pastagens, com uso de calcário, fertilizantes e matéria orgânica”, disse o ministro a representantes de instituições financeiras e fundos de investimentos chineses.

Segundo ele, segmentos dos produtores apostam mais no desmatamento para conseguir ampliar a produção. Mas a lógica pode mudar com o financiamento garantido pelo BNDES. Já o Assessor Especial do Ministro da Agricultura, Carlos Augustin, avaliou que isso seria de interesse dos próprios chineses, já que contribuiria também para o aumento da segurança alimentar do país, onde vivem 1,4 bilhão de pessoas.

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