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Rastreabilidade é estratégia para garantir lucro por serviço ambiental

Rastreabilidade é estratégia para garantir lucro por serviço ambientalTecnologia é indispensável para avanço do setor. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

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Por André Garcia 

Para sair do vermelho é preciso pensar no verde. É a partir desta máxima que o agronegócio brasileiro pode colocar a demanda por sustentabilidade a seu favor, passando a agregar valor à produção por meio da rastreabilidade e da confiabilidade em uma cadeia limpa, isenta de crimes ambientais e trabalhistas.

Esta foi a aposta do diretor técnico adjunto da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Maciel Silva durante o seminário “O futuro da integração de conhecimento e de tecnologias no Agro Brasileiro”, na quinta-feira, 30/3.

Falando sobre a ótica do consumidor, ele aponta que mecanismos para rastreabilidade e certificação terão papel fundamental na garantia de transparência e confiabilidade.

“Há uma tendência de aproximação do consumidor final com o produtor e esse mecanismo também pode ter caráter econômico dentro da cadeia, principalmente por estarmos em um processo de construção de sistemas e mercados cada vez mais complexos”, disse.

Ou seja, a partir da comprovação de que estas exigências estão sendo cumpridas e acompanhadas, busca-se o valor agregado ao produto. Para o diretor, de forma indireta, esta é uma maneira de compartilhar os custos por serviços ambientais com a sociedade.

“Nos países já desenvolvidos a tendência é a ampliação dos anseios sobre as questões ambientais e sociais e nós, dos países em desenvolvimento, teremos que lançar mão de tecnologias para conseguir transmitir ao consumidor final o valor agregado do caráter sustentável”, afirmou o diretor.

Tecnologia é determinante

De acordo com Maciel, é preciso colocar a tecnologia e o compartilhamento de conhecimento a serviço do setor, o que significa avançar no uso de ferramentas para  agricultura de precisão, estruturar dados e aprimorar informações para gestão de riscos climáticos. Soma-se a isso, a melhora na gestão financeira e econômica.

 “Temos um setor dependente do mercado externo para aquisição de insumos, que têm preços crescentes ano a ano. Então precisamos utilizar isso [agricultura de precisão] de maneira mais eficiente. O grande passo para o agronegócio e, talvez o principal, será a capacidade de reduzir os riscos da atividade”, destacou.

A estratégia já é presente no Brasil, mas, para garantir mais competitividade aos produtores, precisa de um avanço mais ambicioso.

“Assim poderemos concorrer com outros países e outros setores. Hoje o agronegócio é o principal setor da economia brasileira, mas, quando comparamos com outros setores, vemos a diferença no preço de insumos e nas oscilações de mercado, além do risco ambiental.”

Portanto, a partir do momento em que a agropecuária transformar dados em informações, garantindo que elas sejam cada vez mais úteis na tomada de decisões, será possível dar passos mais largos em relação à competitividade.

Desafio estrutural

Para isso, o debate adentra no mapeamento e logística, questões que, assim como a tecnologia, esbarra em problemas estruturais do país. Aí entra a atuação do governo, que deve focar em políticas públicas para garantir a conectividade necessária para a utilização dessas ferramentas.

Também é assim que os tomadores de decisões poderão garantir a transferência do conhecimento gerado nas entidades e empresas de pesquisa aos produtores rurais.

“A conectividade precisa ser discutida com seriedade e será determinante, sobretudo, para a questão da igualdade social. O último censo agropecuário mostra o caráter social e a importância de se olhar para esses problemas. Quanto menor o produtor, maior a dificuldade de acessar assistência técnica”, conclui.

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