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Mapa mostra locais que seriam soterrados por rompimento de barragens; Veja o caso de MT

Mapa mostra locais que seriam soterrados por rompimento de barragens; Veja o caso de MTRompimentos já foram registrados em MT. Foto: Sema-MT

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Por André Garcia

Em todo o Brasil, barragens de mineração deixam 700 áreas vulneráveis em 178 cidades de 15 estados. Nada escaparia: vilas, distritos, rodovias, rios, florestas, bairros residenciais, terras indígenas, escolas seriam destruídos. No ranking dos estados com maior número de barragens do país, Mato Grosso ocupa a segunda colocação, com 164 estruturas, atrás apenas de Minas Gerais (354).

O risco de destruição foi calculado pela Repórter Brasil, que lançou nesta semana o “Mapa da Lama”. Por meio de dados obtidos com exclusividade, áreas que podem ficar submersas no caso de rompimentos semelhantes foram mapeadas, permitindo a pesquisa por município ou até mesmo por rua. Confira aqui.

A publicação é feita oito anos após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), que deixou 18 mortos, em 2015, e quatro anos após o desastre na da Vale em Brumadinho (MG), cuja avalanche de rejeitos matou 270 pessoas.

Crédito: Repórter Brasil

Em Mato Grosso, a região da Baixada Cuiabana concentra o maior número de barragens. No caso de uma catástrofe, Santo Antônio de Leverger, Nossa Senhora do Livramento e Poconé seriam os mais afetados.

Em 2019 uma dessas estruturas chegou a se romper no município de Nossa Senhora do Livramento, (40 km de Cuiabá), deixando comunidade de Brejal  isolada e com fornecimento de energia e serviços de telefonia interrompidos.

Dimensão do dano

O mapa também mostra as chamadas manchas de inundação – áreas sujeitas à destruição, classificadas em dois tipos. As Zonas de Autosalvamento (ZAS): áreas que podem ser atingidas em até 30 minutos. E as Zonas de Segurança Secundária (ZSS): onde a inundação ocorreria após 30 minutos – o que, permitiria salvamento.

No país, as manchas de inundação somam 2.050 km², o suficiente para cobrir as superfícies dos municípios de São Paulo e Curitiba. Enfileirados, os terrenos inundáveis formariam um rio de lama com cerca de 7.000 km de comprimento, a distância de Porto Alegre ao México em linha reta.

Metodologia

As informações são da Agência Nacional de Mineração (ANM), que recebe os mapas feitos pelas empresas, mas não os divulga (confira a resposta da agência). Os dados foram repassados à reportagem pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, após meses de reivindicação via Lei de Acesso à Informação.

De acordo com a reportagem, há 926 barragens de mineração cadastradas, mas o mapa mostra a localização de 920. A diferença se deve a erros de coordenadas em seis delas nas informações fornecidas pela agência.

Do total, a ANM monitora apenas 463, que possuem patamares mínimos de altura, capacidade do reservatório ou resíduos perigosos, o que as tornam elegíveis para a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).

Conforme resolução da ANM, as empresas devem fornecer os mapas de suas estruturas, sejam elas monitoradas ou não pela agência, com identificação das duas zonas. Mas nem todas enviam os dados completos. E 113 sequer apresentaram informações.

Conflito de interesses

Não é de agora que a mineração em Mato Grosso gera polêmica. A atividade, conhecida pelo lastro de destruição, também ameaça o agronegócio, motor da economia estadual. Como já abordado pelo Gigante 163, a liberação da mineração em Áreas de Reserva Legal, por exemplo, causaria uma disputa hídrica entre os setores.

Isso porque, o uso demasiado de recursos hídricos que uma jazida nova necessita, pode gerar atritos com produtores e comunidades próximas. Além disso, a atividade pode ocasionar o rebaixamento dos lençóis freáticos, assoreamentos e a contaminação de rios e aquíferos.

Não é preciso ser especialista no assunto para ligar os pontos e estimar o estrago que a contaminação ou escassez de água causaria às lavouras de soja, milho e algodão, principais culturas mato-grossenses e responsáveis por alavancar o Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro.

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