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Gado morto e leite jogado fora: caos na MT-170 causa prejuízo em cadeia

Gado morto e leite jogado fora: caos na MT-170 causa prejuízo em cadeiaSituação atinge diferentes setores da cadeia de produção. Foto: Reprodução

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Por André Garcia

Caminhões atolados, gado morrendo e milhares de litros de leite perdidos entre a lama. O cenário caótico descreve a rodovia MT-170, no noroeste mato-grossense e desencadeou uma série de prejuízos a indústrias, transportadores e produtores rurais, que há mais de 30 dias sofrem com a falta de infraestrutura no trecho.

A parte mais crítica é de aproximadamente 120 km, entre os municípios de Castanheira (780 km de Cuiabá) e Juruena (432 km de Cuiabá), onde, na última semana, um pecuarista contou ter perdido dezenas de cabeças de gado durante o transporte. No mesmo ponto, o laticínio Casterleite teve que jogar fora 40 mil litros de leite.

Em entrevista ao Canal Rural, o empresário Leonir Maria Júnior diz que o alimento estragou depois que um caminhão ficou preso por quatro dias na estrada. Prejuízo semelhante já havia sido registrado em março, segundo ele. “Mês passado também perdi 48 mil litros de leite.”

Em entrevista ao veículo, o presidente do Sindicato Rural de Juruena, Marcos Belizário Rodrigues, explicou que a situação nunca tinha sido registrada nesta época do ano.

“Os caminhões chegam nesses pontos e não conseguem passar. E os que tentam seguir ficam por três, quatro ou até cinco dias presos. Não há registros de numa época dessa, início de abril, às nossas estradas estarem nessas condições” afirmou.

Os relatos apontam ainda que um produtor ficou mais de 10 dias parado na estrada e, com isso, precisou jogar fora mais de 10 mil litros de leite.  Outro caminhão, que transportava carga viva, tombou e três novilhos morreram.

“Infelizmente a situação lá está muito triste. […] vi a situação de um caminhão que acabou tombando e morreram mais de 20 animais. Infelizmente, a situação está desastrosa. Os produtores já estão com mais de 30 dias que não conseguem fazer vendas”, contou Marcos Belizário.

Além de atingir pecuaristas, empresas de transporte, caminhoneiros e frigoríficos, o prejuízo se estende à arrecadação do Estado. Foi o que explicou o gerente de Relações Institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) Nilton Mesquita Junior, que, na última semana, percorreu o trecho entre Juruena e Castanheira.

“Um animal desse aí vai chegar todo machucado. Dentro do frigorífico ele vai passar por uma limpeza e aí você perde muito. Não só o pecuarista, mas como o estado mesmo, que vai diminuir a incidência de ICMS dentro da nota fiscal. Então, todo mundo perde. O frigorífico perde, o Estado perde e o pecuarista”, pontuou.

Situação de emergência

A situação levou o governador do Estado, Mauro Mendes (União Brasil), a decretar emergência na estrada neste final de semana.  O objetivo é facilitar a aquisição de material para a recuperação da estrada.

Além dos prejuízos financeiros, há ainda informações de que 300 caminhões estão parados e que parte dos motoristas estaria passando fome. Em alguns pontos dos atoleiros alguns deles teriam chegado a pegar água em valetas para beber, cozinhar e lavar roupas.

Diante disso, produtores rurais e moradores da região têm se organizado para entregar cestas básicas aos caminhoneiros. O maquinário utilizado nas lavouras também tem sido empregado para desatolar os veículos.

Por meio de nota, o Governo informou que equipes das Defesa Civil, da Secretaria de Assistência Social e Cidadania, além da Segurança Pública e prefeituras, realizam uma força-tarefa para entrega de alimentos e água potável para os caminhoneiros, que estão na fila de espera para passar pelos atoleiros.

Estadualização

A MT-170 foi federalizada em 2008 e estadualizada na metade de 2022. De acordo com motoristas e moradores da região, durante esse período o Estado executou apenas reparos pontuais.

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), as empresas contratadas pelo Governo de Mato Grosso para asfaltar a MT-170/208/418, antiga BR-174, já estão mobilizadas e trabalhando na manutenção da via.

Com 271,6 quilômetros de extensão, o trecho que será asfaltado liga os municípios de Castanheira e Colniza, passando por Juruena e Aripuanã (Passagem do Loreto). Ainda serão construídas 23 pontes de concreto ao longo das rodovias.

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