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Além de rentabilidade, ILPF garante segurança e competitividade

Além de rentabilidade, ILPF garante segurança e competitividadeImprevisibilidade climática impacta produção e negócios. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

Além dos benefícios ambientais e produtivos garantidos pela integração lavoura, pasto, floresta (ILPF), a estratégia comprova suas vantagens também na hora da comercialização, já que, segundo especialistas, traz mais segurança ao produtor por reduzir os riscos de mercado e climáticos.

Os problemas com o aumento da imprevisibilidade climática têm afligido o setor e causado impacto não apenas na produtividade do campo, mas também nos investimentos e movimentos financeiros que empresas, bancos e demais entidades fazem, como a concessão de crédito rural.

Como já noticiado pelo Gigante 163, uma pesquisa realizada pelo EY Decarbonization Framework mostra que 82% dos executivos e investidores do setor acreditam que estas mudanças podem causar prejuízos, enquanto outros 47% reconsiderariam o investimento com base nos riscos que elas oferecem.

Nesse sentido, a ILPF apresenta soluções tanto para frear o aquecimento global, quanto para alavancar o mercado. Foi o que explicou à reportagem o pesquisador de sistemas integrados de produção da Embrapa Agrossilvipastoril de Sinop, Maurel Behling, ao elencar vantagens da otimização de espaços e processos para a economia.

“Com ganhos a partir do uso mais proveitoso da terra há geração de mais empregos no campo. Outra consequência é que o produtor aumentará sua renda líquida e terá maior estabilidade econômica com a redução de riscos e incertezas devido à diversificação da produção”, afirma.

Maurel cita um trabalho realizado pela Embrapa, Rede ILPF e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que mostra que os sistemas de integração são menos sensíveis às variações de preços das commodities do que sistemas produtivos exclusivos de lavoura ou de pecuária.

“Mesmo nos piores cenários simulados, com queda de 15% no preço da soja ou da arroba do boi gordo, a ILPF permanece lucrativa.”

Outras possibilidades de lucro

ILPF também é uma alternativa mais eficiente em termos de conservação de água no solo, tornando o sistema mais resiliente e eficiente.

“A ILPF contribui para melhorar a ciclagem de nutrientes em áreas de produção de grãos. Já a inserção das árvores, além de intensificar, irá perenizar o processo de ciclagem. Ela também favorece a manutenção da biodiversidade e eleva a atividade biológica no solo. Ou seja, solo vivo é solo produtivo”, diz o pesquisador.

Foto: Embrapa

A consequência disso é o aumento nos estoques de carbono no solo, fundamental para mitigar os gases de efeito estufa (GEE). O critério, base de programas nacionais e internacionais, abre mais uma possiblidade de ganho, já que os benefícios ecossistêmicos garantidos pela ILPF são passíveis de pagamentos por serviços ambientais.

Neste processo é preciso destacar ainda a sombra das árvores, um bônus do sistema que tem um papel importantíssimo no bem-estar e conforto animal com efeito significativo sobre o desempenho produtivo e reprodutivo, assegurado pelas condições mais saudáveis do ambiente.

“Um animal em um ambiente sombreado, com maior conforto, vai pastejar melhor e ter menos perda de energia. Além do ganho na produção de carne, pesquisas comprovam ganhos em torno de 20% na produção leiteira com o manejo adequado das árvores”, explica Maurel.

Planejamento e retorno

Segundo o pesquisador, avaliações realizadas em cinco Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE) com sistemas de ILPF em Mato Grosso, evidenciam o papel do planejamento. As informações foram coletadas a partir da organização dos custos baseada no Sistema ABC (sigla do inglês Custo Baseado em Atividades).

Na comparação entre as cinco propriedades, a lucratividade varia de R$ 0,20 a R$ 3,70 para cada R$ 1,00 investido na produção. Já o Valor Presente Líquido Anual (VPLA), que é a receita por hectare a cada ano, variou de R$ 152,40 a R$ 2.175,00.

Ou seja, embora os dados confirmem a viabilidade econômica dessas URTEs, a correta definição da configuração do sistema e o estudo prévio de mercado são determinantes para garantir a competitividade do sistema.

“Parte das variações são explicadas por questões como clima, relevo, localização das fazendas, oscilações de câmbio, de mercado e de custos de produção. Entretanto, a configuração do sistema escolhido e os produtos gerados também fizeram diferença, principalmente no valor agregado ao componente florestal”, conclui Maurel.

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