Por André Garcia
O Parlamento Europeu endurece o controle sobre o desmatamento global com a adoção de nova legislação. A norma, que obriga empresas da União Europeia (UE) a garantir que seus produtos não tenham causado desmatamento ou degradação de florestas, cobre alguns dos principais itens de exportação de Mato Grosso: gado e soja.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, 19/4, o Parlamento informou que o objetivo é combater as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.
O texto considera que, entre 1990 e 2020, uma área maior que a da própria UE foi desmatada graças ao consumo do bloco, respondendo por cerca de 10% das perdas no mundo.
A nova legislação também inclui cacau, café, óleo de palma, soja e madeira, além de produtos que contenham, tenham sido alimentados com essas commodities ou tenham sido produzidos com elas, como couro, chocolate e móveis.
Desafio para exportações
O Governo de Mato Grosso vem buscando ampliar parcerias com a UE, a fim de conter o desmatamento ilegal e aumentar o volume de exportações. O diálogo foi defendido pelo presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Caio Penido, na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27).
Para reforçar o pedido de parceria, ele destacou que exigências comerciais podem ter o mesmo impacto que acordos internacionais no controle do aquecimento global. Exemplo disso é a exportação de carne bovina do Estado para a China, que garantiu aumento de 37% na idade de abate do gado enviado para lá.
Embora a União Europeia não seja um comprador tão relevante quanto os chineses, é um grande formador de opinião mundial, o que faz com que suas condutas tenham impacto sobre toda a balança comercial. Por isso o interesse em mostrar ao mercado europeu que a biodiversidade pode ser tratada como ativo financeiro.
“Quando vamos falar de comércio justo é importante pagar pelo produto que garante conservação por lei, premiar ao invés de boicotar. A Europa precisa ajudar o país, que está tentando reverter um modelo de insustentabilidade que nasceu lá, pós-revolução industrial. Nós já seguimos esse modelo, mas chega” ,defendeu Penido.
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