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Mato Grosso queimou área maior que Alemanha entre 1985 e 2022

Mato Grosso queimou área maior que Alemanha entre 1985 e 2022Os três biomas mato-grossenses são os mais atingidos no país. Foto: Reprodução

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Por André Garcia

Mato Grosso queimou uma área de floresta maior que a Alemanha entre 1985 e 2022. Os 431.948 km² atingidos pelo fogo colocam o Estado na liderança do ranking nacional, bem à frente do segundo e terceiro colocados, Pará (275,764 km²) e Maranhão (182,791 km²) respectivamente. Em todo o Brasil, o total consumido pelo fogo, no período, equivale à soma das áreas de Colômbia com o Chile: 1.85,7 milhões de hectares/ano, ou 21,8% do território nacional.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira 26/4, fazem parte da da Coleção 2 do MapBiomas Fogo.

A publicação traz outro dado preocupante: em todo país, os três biomas mais consumidos pelas chamas estão localizados em Mato Grosso. Amazônia e Cerrado concentram cerca de 86% da área queimada no Brasil. Quando se analisam as áreas entre os biomas, a liderança é do Pantanal, que teve 51% de seu território afetado.

Para se ter ideia, o Cerrado queimou em média 7,9 mha/ano, ou seja, todo ano uma área maior que a da Escócia. No caso da Amazônia, a média foi de 6,8 milhões de hectares/ano – quase uma Irlanda.

De acordo com a coordenadora do Mapbiomas Fogo, Ane Alencar, os números estão atrelados à seca e ao desmatamento.

“Para que o fogo ocorra e se espalhe é preciso uma combinação de três ingredientes: material em quantidade e em boas condições de queima, clima favorável e uma fonte de ignição. A história contada pelos dados do MapBiomas demonstra claramente tanto os anos de maior seca quanto os anos de maior desmatamento”, explica.

Para ela, estas informações dão importantes pistas para que os governos federal e locais possam combater queimadas e incêndios. Além dos biomas, estados e municípios de maior incidência, o mapeamento também mostra os períodos do ano de maior incidência.

“Com essa série histórica de dados de fogo podemos entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e incêndios florestais. Por exemplo, percebemos que em anos de El Nino temos mais ocorrência de incêndios, como nos últimos El Ninos (2015 – 2016 e 2019), se comparados aos anos de La Niña, quando chove mais na Amazônia (2018 e 2021). A exceção a essa regra foi 2022, quando mesmo sendo um ano de La Nina, a Amazônia queimou bastante”, explicou.

Recorrência no Cerrado e Amazônia

A plataforma mostra ainda que 63% destas áreas foram queimadas mais de uma vez. No caso do Pampa, da Mata Atlântica e da Caatinga, esta porcentagem corresponde a 80%, 72% e 65%. Na Amazônia, porém, apenas 39% foram queimados uma única vez. Quase metade (48%) foi queimada entre duas e quatro vezes, o que sinaliza a recorrência dos incêndios.

O percentual de áreas queimadas recorrentemente na Amazônia é maior do que no Cerrado, onde 36% da área queimada pegou fogo uma única vez. O fogo recorrente, de duas a quatro vezes entre 1985 e 2022, atingiu 38% da área queimada no Cerrado no período – 10% a menos que na Amazônia e 5% a menos que no Pantanal (43%).

Em contrapartida, o Cerrado é o bioma que tem a maior quantidade de áreas com recorrência de eventos de fogo maiores que 16 vezes, ou seja, áreas que queimaram pelo menos a cada 2 anos, totalizando mais de 2 milhões de hectares.

Cenário nacional

A Coleção 2 do MapBiomas Fogo reúne informações sobre as cicatrizes deixadas pelo fogo sobre os mais de 851 milhões de hectares do território brasileiro foram obtidas a partir de imagens de satélite. A metodologia considera apenas extensão da área consumida pelas chamas e não focos de calor.

Assim, em nível nacional, os meses entre julho e outubro concentram 79% da área queimada, enquanto setembro responde por 34%. Mas o registro mensal de fogo varia entre os biomas. No caso da caatinga, por exemplo, aproximadamente 60% dos registros são de outubro e dezembro, enquanto no Cerrado, 89,5% estão entre julho e outubro.

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