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Rastreio bovino para conter desmatamento mobiliza setor

Rastreio bovino para conter desmatamento mobiliza setorRastreabilidade será fundamental para garantir negócios. Foto: Mapa

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A implementação de medidas medidas de rastreio de gado para conter desmatamento ligado à pecuária vem ganhando força, especialmente depois que a União Europeia anunciou na terça-feira, 16/5, uma legislação que proíbe produtos ligados a desmatamento. Esse é o início de um movimento que promete se consolidar no mercado, além de pressionar países produtores de carne, como o Brasil, a práticas mais sustentáveis.  Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo conversou com alguns envolvidos e especialistas sobre o tema.

Enquanto não há definição sobre a gestão rastreabilidade, a indústria busca avançar no mapeamento de cadeias indiretas de fornecedores, e representantes de produtores defendem benefícios para quem adotar essas práticas. A rastreabilidade é dividida em duas frentes: a individual (mais cara e mais lenta), com uso de brincos ou chips para identificação nos animais e a outra, apontada como ferramenta para o curto prazo, é a GTA (Guia de Trânsito Animal), usada para controle sanitário, que mapeia o trajeto de um lote de bois.

De acordo com Isabella Freire, codiretora da Proforest para a América Latina e integrante da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o Brasil poderia utilizar em um meio-termo, para incentivar produtores a adotarem o rastreio. A Coalizão, inclusive, fez contribuições a uma consulta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre a rastreabilidade.

“Hoje estamos muito no escuro. Às vezes, contaminando um lote, prejudica-se uma quantidade muito maior de cabeças de gado regulares”, explicou.

Paulo Barreto, pesquisador associado do Imazon, acredita que governo já conta ferramentas para cruzar dados de produtores com eventuais áreas de desmatamento e poderia pressionar pelo rastreio limitando o crédito junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de quem não respeita a lei.

“A pergunta é: por que isso não avança? Em grande parte, porque tem resistência de fazendeiros. A indústria está dizendo que a sobrevivência depende disso (rastreabilidade), para vender e ter financiamento e crédito. A parte que não quer tem problema ambiental, de posse, e eventualmente problemas fiscais. Tem motivos para recusar”, afirmou.

O que dizem as gigantes do agro

A JBS informou que monitora seus 73 mil fornecedores diretos usando imagens de satélite e bases públicas de dados, e que 12 mil produtores estão bloqueados por terem descumprido algum critério da companhia. Para os indiretos, a companhia usa uma plataforma para cadastrar os fornecedores. Desde 1º de janeiro de 2026, segundo a empresa, só fornecedores cadastrados poderão fazer negócios com a companhia.

A Minerva, por sua vez, afirmou que monitora 100% dos fornecedores diretos no Brasil e no Paraguai, e 90% na Colômbia, com meta de chegar ao total até dezembro. Na Argentina, com atuais 90% monitorados, segundo a empresa, a meta para atingir os 100% é 2030. No Uruguai, o índice está em 20%, com previsão de totalidade em 2025.