Por André Garcia
Com 41% de sua área total ocupada por propriedades rurais, o Brasil tem mais de 18 milhões de habitantes no campo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta quinta-feira, 25/5, Dia do Trabalhador Rural, o Gigante 163 os homenageia relembrando histórias de quem produz e coexiste em harmonia com a natureza, exemplos da verdadeira essência de homens e mulheres do campo.
É o caso da família Dal Piaz. Há mais de três décadas os casais Valocir e Mirian e José Sérgio e Marlene Inez criam gado de corte na fazenda Vale dos Arinos, em Juara. Há mais ou menos três anos eles decidiram apostar em tecnologias mais sustentáveis e implantaram um conjunto de práticas acessíveis e mais adequadas ao meio ambiente. Passaram assim a identificar gargalos, reduzindo custos e aumentando os ganhos.
Junto aos filhos, eles recuperaram dois hectares de Áreas de Preservação Permanente (APP) isolando a área, que recebeu sementes de árvores. Atualmente, do total do espaço, 277,50 hectares são destinados ao uso consolidado para o gado, enquanto outros 136,57 hectares são APP ou área de vegetação nativa (AVN).
Foi pensando no futuro do filho, Miguel, hoje com 4 anos, que o casal Marcos dos Santos Tizziani e Aline Gomes Leite Tizziani, ambos com 25 anos, resolveram implantar a agroecologia em sua propriedade, de 1 hectare. A partir da adoção do sistema eles começaram a produzir e comercializar banana e mamão em escolas e creches de Aripuanã, vendo a renda da família saltar de R$ 2 mil para R$ 10 mil ao mês.
“É preciso muito trabalho e dedicação. Comprei o sítio Estrela Celeste dos meus pais. Já tinha desistido da vida do campo, mas, como sempre gostei, decidi apostar e, quando fui convidado para participar do projeto, aceitei de pronto e estou muito satisfeito. Mudou a minha vida e hoje não preciso trabalhar fora da propriedade e tenho mais tempo para minha família”, afirma Marcos.
A agroecologia também vem garantindo bons resultados às irmãs Cleonice Rocha de Paula e Andrea Rocha de Paula, que vivem em um pequeno sítio, localizado no assentamento 12 de Outubro, em Cláudia. Ao diversificar a produção e apostar na fabricação própria de bioinsumos, elas garantiram mais qualidade de vida à família, aumento de 70% na renda mensal e redução nos gastos com alimentação e remédios.
“Cheguei aqui sozinha. Depois trouxe minha mãe, que já faleceu, e depois vieram minha irmã, meu irmão e mais três sobrinhos. Sempre moramos em sítio, mas antes éramos empregados. Hoje, quase tudo que a gente come é produzido aqui mesmo: as frutas, as verduras, o queijo, a manteiga. Não comemos margarina, por exemplo. Até a manteiga que usamos para fazer bolo, cuca e pão, é feita por nós”, conta Cleonice.
A estratégia dos bioinsumos tem se popularizado entre o setor, responsável por colocar comida no prato dos brasileiros. É o caso dos agricultores familiares do projeto Sinop Orgânico, que ajudam a abastecer uma das principais produtoras de grãos do país com alimentos básicos. Por meio estratégias sustentáveis, eles apostam na transição para a produção orgânica para alcançar incremento de até 30% nos lucros.
Na outra ponta de Mato Grosso, em Poconé, o produtor de gado Breno Dorileo faz questão de destacar os benefícios que a adesão ao Programa Fazendas Pantaneiras Sustentáveis (FPS) trouxe à sua propriedade, a Fazenda Conceição. Lá, foram constatadas melhoras na nutrição e na saúde dos bois.
“O programa traz uma nova visão ao produtor pantaneiro, fazendo a integração de sustentabilidade e produção. Quando meu pai faleceu, eu quis desistir da fazenda e estava convencido a vendê-la. O FPS veio como uma injeção de ânimo e esperança. Meu amor pelo campo, pelo Pantanal e pela pecuária vem de geração em geração. Não é uma profissão, é a nossa vida”, diz.
Espalhados por todo o país, histórias assim mostram diferentes faces do principal setor produtivo brasileiro. Embora convivam com inúmeros desafios, os trabalhadores do campo vêm se adaptando à tecnologia e à inovação, provando diariamente que o agro é o maior aliado do meio ambiente e que pode ampliar as oportunidades de negócios sustentáveis, impulsionando mais uma vez o crescimento do Brasil.
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