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Gigantes do agro compram grãos de fazendas envolvidas em ilegalidades

Gigantes do agro compram grãos de fazendas envolvidas em ilegalidadesMilho foi um dos grãos comercializados. Foto: Agência Brasil

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As corporações Bunge, Cargill, Cofco, Amaggi, ADM do Brasil, Viterra e General Mills estariam envolvidas na compra de soja e milho de produtores multados pelo Ibama por cultivarem os grãos sem licenciamento em terras indígenas do Mato Grosso. A denúncia, feita juntamente com o site O Joio e o Trigo, foi publicada pelo Repórter Brasil.

As negociações dos cereais ocorreram nos anos de 2018 e 2019, período em que havia embargo sobre as terras indígenas (TIs): Pareci, Utiariti e Rio Formoso. A reportagem acessou as notas fiscais das transações e as mesmas não identificavam as fazendas dentro das TIs como a local da produção. Os documentos indicam outras propriedades como a origem dos grãos, mas todas são vizinhas às terras e pertencentes aos mesmos produtores multados pelo Ibama por levarem adiante plantio irregular.

A proximidade entre as fazendas que constam nas notas fiscais como a origem da produção e as terras indígenas abre espaço para a chamada “lavagem de grãos”, quando se mistura produção feita em unidades de conservação, áreas griladas ou embargadas com soja e milho plantados e colhidos legalmente, mascarando a procedência da parte irregular da lavoura

Consultadas pela reportagem, a maioria das empresas garantiu manter um “rígido controle” sobre a situação socioambiental de seus fornecedores. A General Mills, proprietária de marcas famosas como Yoki, Kitano e Häagen-Dazs, informou que Edson Fermino Bacchi, multado em R$ 4,5 milhões, não é mais fornecedor nem um parceiro de negócios fixo, “tendo apenas fornecido pontualmente ingredientes para a companhia no passado”.

A Bunge não comentou sua relação com os produtores citados, mas assegurou que seu monitoramento “é capaz de identificar mudanças no uso da terra e no plantio de soja em cada uma das fazendas de onde origina”. Já a Amaggi afirmou usar “imagens de satélites e informações geoespaciais” para fazer a rastreabilidade da origem da soja.

A Abiove garantiu que a soja produzida “em áreas embargadas por órgãos de fiscalização ambiental e sobrepostas com Terras Indígenas (entre outros) não entra na cadeia produtiva do setor”. Mas, embora faça referência  “ao potencial risco de triangulação” dos casos apontados pela reportagem, não se pronunciou especificamente a seu respeito, limitando-se a listar medidas que “são utilizadas rotineiramente” por suas associadas para reduzir o problema.