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Câncer de pele: calor intenso amplia ameaça entre trabalhadores rurais

Câncer de pele: calor intenso amplia ameaça entre trabalhadores ruraisMudanças climáticas aumenta risco de doenças. Foto: Agência Brasil

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Por André Garcia

Problemas respiratórios como alergias, asma e pneumonia, não são os únicos riscos ampliados pelo calor intenso e pela seca típicos deste período do ano. Especialistas já apontam que as temperaturas mais altas, intensificadas pela crise climática, também resultarão em aumento de casos de câncer de pele, uma ameaça direta ao trabalhador rural.

O cenário torna-se ainda mais preocupante se considerados os efeitos do El Niño, que atinge em cheio o Centro-Oeste, prolongando o calor e a estiagem e impulsionando os registros de queimadas. Do ponto de vista médico, a combinação é desastrosa para o corpo.

“De modo geral, a recomendação é para que não seja realizado esforço físico entre 10h e 16h, mas, no caso do trabalhador do campo, essa exposição é inevitável. Então é preciso adotar alguns cuidados, como usar roupas mais leves, manter a hidratação e fazer uma pausa à sombra a cada hora”, disse ao Gigante 163 a pneumologista Daniela Campos, que atua em Goiânia (GO).

Já o otorrinolaringologista Bruno Higa Nakao, que trabalha em Campo Grande (MS), explica que “o horário de pico” da radiação solar é entre 11h e 14h. O médico exemplifica ainda como o corpo humano pode reagir a este cenário.

“Caso o trabalhador se exponha ao exercício extenuante sem hidratação adequada, pode haver quadros de hipotensão, risco de desmaio, tonturas e náuseas. Então é fundamental beber, ao menos, de 2 a 3 litros de água por dia, evitando um potencial quadro desidratação pelo suor, associado à hipovolemia e risco de queda de pressão e mal-estar”. alerta.

Risco ampliado

No Brasil, o tipo mais frequente de câncer de pele é o não melanoma, responsável por 30% do total de tumores malignos. Só na região Centro-Oeste, o Instituto Nacional do Câncer estima o registro de 15.840 novos casos da doença para cada 100 mil habitantes em 2023.

No início deste ano, a Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, publicou um estudo associando eventos extremos do aquecimento global, como o calor intenso, à exacerbação de problemas dermatológicos.

Considerando que julho foi o mês mais quente da história no mundo até agora e que a previsão do Inmet para o centro-oeste é de recordes de altas, Daniela faz um alerta.

“Estamos falando de uma região onde a umidade pode ficar mais baixa que a do deserto. Então, além destes cuidados, o que a gente pode fazer é não colocar fogo [nas matas]. Sem essa vegetação, perdemos uma importante proteção, porque não há renovação da umidade e ficamos muito mais expostos a estas doenças”, conclui a médica.

É fundamental se proteger

É recomendado que durante a exposição ao sol sejam usados filtros com FPS 15 ou mais e que protejam também contra os raios UV-A. Os filtros solares devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados a cada duas horas ou após nadar, suar e se secar com toalhas.

Daniela também destaca a importância do uso de chapéus, guarda-sóis, óculos escuros, e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre.

Com relação aos problemas respiratórios, ela conta que as internações nesta época sobem até 20%, o que reforça a adoção de medidas simples, como o uso de umidificadores e bacias de água.

“As empresas devem estar atentas a estes cuidados e reforçá-los junto aos trabalhadores. O que elas podem fazer é fornecer lanches mais leves e incentivar uma alimentação mais adequada. Embora não seja recomendado fazer refeições muito pesadas, também não é bom ficar longos períodos sem comer nada”, afirma ela.

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