O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc Soja) é um guia que orienta o plantio do grão para reduzir os riscos causados por condições climáticas adversas. Ele considera fatores como condições meteorológicas e a quantidade de água no solo, por exemplo. Agora, a Embrapa propõe uma abordagem inovadora, que é incluir também o manejo do solo na avaliação de riscos climáticos.
“Entendemos que a qualidade do manejo do solo adotado pelos sojicultores tem enorme potencial em mitigar os riscos de perdas de produtividade por seca, a exemplo das práticas como a adoção plena do Sistema Plantio Direto (SPD)”, disse o pesquisador Júlio Franchini, da Embrapa Soja.
Foram selecionados sete indicadores que refletem a qualidade do manejo e a fertilidade do solo, sob o ponto de vista de maior disponibilidade de água e crescimento radicular.
1. Quantidade de anos sem preparo do solo;
2. Porcentagem de cobertura do solo na semeadura da soja;
3. Diversificação de culturas consideradas nos últimos três anos;
4. Disponibilidade de nutrientes às plantas, na camada de 0-20 cm;
5. Teor de cálcio na camada de 20-40 cm;
6. Ausência de alumínio tóxico na camada de 20-40 cm;
7. Qualidade da estrutura do solo.
Segundo o pesquisador Alvadi Balbinot, três dos indicadores refletem diretamente os pilares que fundamentam o Sistema Plantio Direto (cobertura do solo, mínimo revolvimento e diversificação de espécies vegetais).
“Portanto, o SPD se constitui em uma importante estratégia para mitigar o risco climático relacionado à ocorrência de secas”, explicou.
Adoção do SPD
A prática do Sistema Plantio Direto traz vantagens como a conservação da cobertura do solo, a preservação ou aumento da matéria orgânica e a melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
“Além desses benefícios, o crescimento do sistema radicular tem grande importância para o aumento do reservatório de água disponível durante os períodos de estresse hídrico”, destacou Franchini.
De acordo com a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto, o SPD está implantado em aproximadamente 33 milhões de hectares no Brasil. No entanto, grande parte dessa extensão não adere completamente aos princípios do sistema, limitando-se à redução mínima da mobilização do solo através da eliminação das operações de preparo.