HomeEconomiaProdutividade

Fungicida à base de óleos essenciais barateia combate à praga da soja

Fungicida à base de óleos essenciais barateia combate à praga da sojaNovidade reforça viabilidade dos bioinsumos. Foto: Divulgação

Amaggi investe US$ 15 milhões para produzir bioinsumos em MT
Fávaro debate soluções sustentáveis para a cadeia dos bioinsumos
EUA vão financiar pesquisa para reduzir dependência de fertilizantes no País

Por André Garcia

Uma mistura de óleos extraídos de diferentes plantas e encapsulada por polímeros naturais pode baratear o combate às pragas que assolam as culturas de soja e reduzir o impacto ambiental da atividade no Brasil. O fungicida é fruto de projeto apoiado pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp.

De acordo com a instituição, pesquisadores da Linax, empresa com sede em Votuporanga (SP), são os responsáveis pela solução, que libera as substâncias de óleos essenciais de forma lenta e prolongada, ampliando seu período de ação na lavoura e diminuindo o risco dessas pragas desenvolverem algum tipo de resistência ao produto.

Protótipos da tecnologia foram testados contra o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja no país. O patógeno ataca as folhas da planta, afetando sua capacidade de realizar fotossíntese e de formar grãos saudáveis.

Se não controlada adequadamente, a doença chega a inviabilizar até 90% da plantação, gerando prejuízos que podem alcançar os bilhões de reais. Assim, a solução desenvolvida pela Linax apresentou efeito equivalente ao dos fungicidas mais usados no combate dessa praga no Brasil.

“A aplicação conjunta de metade da dose da nossa solução mais metade da dose dos fungicidas convencionais apresentou eficácia superior à dos convencionais aplicados de modo isolado”, conta o engenheiro agrônomo Nilson Borlina Maia, sócio-proprietário da empresa.

Potencial econômico

A novidade reforça a eficiência de uma estratégia já mostrada pelo Gigante 163: a adoção dos bioinsumos. Além de garantirem mais sustentabilidade à produção e reduzirem os custos em 70%, processos que priorizam ciclos naturais ao invés de grandes quantidades de pesticidas trazem mais autonomia aos produtores.

“Isso significa que seria possível diminuir o uso dos fungicidas convencionais, que são nocivos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, adicionando a eles uma dose da nossa solução à base de óleos essenciais”, avalia Maia.

Até o fim de 2022, segundo o Governo Federal, cerca de 560 produtos biológicos tinham sido registrados no País, sendo mais da metade deles nos últimos três anos. Na produção de soja, grão com maior volume de produção, porém, apenas 21% dos produtores apostam nos bioinsumos. A estimativa é que o número alcance 70% nos próximos ciclos.

Lançamento

O fungicida da Linax deve ser lançado ainda este ano. Segundo Maia, a empresa pretende usar a mesma estratégia contra fungos que causam doenças em outras culturas e também trabalha em outras soluções para ampliar a eficácia de defensivos biológicos.

“Estamos desenvolvendo um projeto com a Unesp [Universidade Estadual Paulista] para encapsular fungos e bactérias usados no controle de pragas e doenças que afetam as lavouras, de modo a protegê-los dos raios ultravioleta e aumentar sua viabilidade e eficácia”, conclui o engenheiro agrônomo.

LEIA MAIS:

Amaggi investe US$ 15 milhões para produzir bioinsumos em MT

Banco lança linha de crédito para a aquisição de bioinsumos

Vendas de bioinsumos cresce 67%, mas uso no País ainda é pequeno

Conheça sete razões para apostar nos bioinsumos

Cresce a procura por bioinsumos em função dos preços dos fertilizantes

Comissão de Meio Ambiente do Senado aprova PL dos bioinsumos