O ano de 2024 deverá registrar o menor volume de fertilizantes comercializado em um primeiro semestre desde 2020. Queda, prevista pela consultoria StoneX, diz respeito principalmente ao cultivo de milho da segunda safra e é atribuída à irregularidade do clima que já vem afetando a produção agrícola, inclusive coma expectativa de que o ciclo 2023/2024 seja marcado por uma quebra de safra.
Segundo a consultoria, apenas 31% do volume de fertilizantes estimado para os primeiros seis meses do próximo ano já estão negociados. O número, publicado pela Globo Rural, é o menor da série de pesquisas da consultoria realizadas no mês de novembro de 2020, 2021 e 2022, quando a negociação atingiu, respectivamente, 48%, 49% e 41%.
“Isso pode ser explicado pelo atraso e pelas incertezas no plantio da safra de verão 2023, conjugados com a relação de troca pouca atrativa em face da queda das cotações do milho e dos altos preços dos fertilizantes, principalmente nitrogenados, que prevaleceu até recentemente”, destaca o diretor de fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello.
A pesquisa entrevistou produtores que representam uma área de plantio estimada de 29,5 milhões de hectares, equivalente a 44% da área de cultivo de grãos, englobando o milho safrinha (2023/24) e a soja que será plantada para a safra 2024/25.
“O calendário atual de soja atrasou em muitas regiões do país. Como consequência adia a decisão de plantio de milho segunda safra. Depois, ainda atrapalha a colheita que, fora da época, tende a ser mais lenta. Tudo isso rouba cerca de um mês da janela do milho”, diz o especialista.
É o que está acontecendo com o produtor de soja Pedro Nicoli, de Santo Augusto, no Rio Grande do Sul. As chuvas na região bagunçaram a semeadura nos 200 hectares da propriedade, fazendo com que ele só comprasse o fertilizante que precisava para a soja, que ele ainda não sabe se vai conseguir terminar de plantar até dezembro.
“Os preços de fertilizantes ainda estão caros para nós. A tendência para o ano que vem é segurar, porque o preço da soja ainda segue muito ruim. Isso junto com as frustrações das últimas duas safras que vivemos. Em geral, o produtor da nossa região vai segurar ao máximo para não gastar dinheiro”, avalia.
Regiões
Na principal região de grãos do País, o Centro-Oeste, o atraso será ainda mais significativo nos primeiros seis meses do ano que vem, com 41% negociado, número muito aquém dos registros de 71% em 2020, 59% em 2021 e 52%, em 2022. Os números também consideram o Estado de Rondônia.
A explicação para o recuo das negociações de fertilizantes também passa pela expectativa de redução de área de plantio do milho safrinha no ciclo de 2023/24 em cerca de 4%, chegando a pouco mais de 16 milhões de hectares, como projeta o vice-presidente de marketing e inovação da ICL na América do Sul, Ithamar Prada.
Ele avalia que é cedo para a indústria projetar os dados de negociações em 2024, já que os produtores não estão olhando adubo para a safrinha agora.
“A partir do momento em que o produtor vencer os problemas climáticos da safra de verão, vai começar a avaliar o milho e a retomada de investimentos em fertilizantes”, acredita.
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