O Brasil, junto com outros 133 países, assinou na COP28 a Declaração sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática. Pela primeira vez, os signatários se comprometeram a incluir alimentos e agricultura nos planos climáticos nacionais, o que envia um sinal claro de que a alimentação está agora firmemente na agenda climática.
No entanto, a retórica precisará ser transformada em realidade com ações, metas, cronogramas e financiamento claros para os sistemas alimentares nos novos planos climáticos nacionais antes da COP30.
A publicação da Declaração sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, que será assinada em 10 de dezembro, é considerada um avanço positivo, pois eles são a segunda maior fonte global de gases que estão causando as mudanças climáticas, depois dos combustíveis fósseis. Infelizmente, o Acordo de Paris não menciona textualmente a eliminação dos fósseis e a necessidade urgente de promover a migração dos sistemas alimentares para modelos mais produtivos e descarbonizados.”
O documento traz alguns pontos positivos, como o reconhecimento da necessidade de os sistemas alimentares e a agricultura contribuírem para a conservação e a restauração do meio ambiente, além de mencionar a importância da agricultura familiar e das comunidades indígenas e tradicionais no enfrentamento da crise climática.
Há muito tempo, a alimentação tem sido uma questão secundária na COP, embora seja responsável por um terço das emissões globais e seja altamente vulnerável aos impactos climáticos. Para Ludmilla Rattis, cientista no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e no Woodwell Climate Research Center, é essencial unir conhecimento com conservação e recuperação, e seus benefícios climáticos e ambientais.
“Não há possibilidade de produção agrícola futura sem conservação e restauração de ecossistemas naturais e sem envolver povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares. O segredo agora é traduzir em ações práticas o que os objetivos e os esforços querem dizer para cada país signatário. Para o Brasil, significa parar de desmatar para plantar bife, grão e fibra. Ou seja, pararmos de trocar aparelhos de ar-condicionado naturais, as florestas, por áreas agrícolas que serão climaticamente instáveis.”
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