HomeEcologia

COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climático

COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climáticoParticipação de produtores é prioritária. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Secas severas atingirão 80% dos brasileiros em 30 anos
Apostar em tecnologia de precisão pode ser alternativa para escassez de insumos
Clima prejudica novamente agricultores do Sul

Por André Garcia 

Aposta de produtores da América Latina e Caribe, a bioeconomia tem resultado no aumento da produtividade nos últimos anos. Agora, mais do que nunca, as estratégias se mostram indispensáveis para evitar que ecossistemas como a Amazônia cheguem ao ponto de não retorno e que o planeta entre em colapso.

A questão foi discutida na sexta-feira, 8/12, durante a COP 28, em Dubai, no pavilhão “Casa da Agricultura Sustentável das Américas”, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Lá, especialistas falaram sobre o potencial da região, rica em recursos naturais.

Para o diretor geral do IICA, Manuel Otero, por exemplo, a bioeconomia é uma ferramenta ideal para os países latino-americanos, que devem deixar de lado uma matriz de produção primária e alcançar o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente. Para ele, alguns exemplos disso já estão acontecendo.

“Estamos reduzindo emissões de gases de efeito estufa e sequestrando mais carbono no solo, o que demonstra que a agricultura da nossa região está alinhada com os esforços globais de mitigação da mudança do clima e é parte da solução aos desafios que enfrentamos”, disse.

Em um cenário de expansão destas práticas, a participação dos agricultores deve ser prioritária. Foi o que destacou Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal, proposta que integra os nove estados da Amazônia brasileira com a missão de promover o desenvolvimento sustentável de forma integrada e cooperativa.

“Temos 70 milhões de hectares dedicados à agricultura, e 140 milhões de hectares de pastos. A média pecuária é de menos de uma vaca por hectare, o que mostra ineficiência. Conforme a tecnologia da pecuária cresce e aumenta a produtividade, abre-se espaço para mais cultivos.”

Saúde do solo e compensação

Neste contexto, o cientista Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação em 2020, chamou a atenção para a saúde do solo, essencial para o cumprimento de boa parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos como parte da Agenda 2030.

Ou seja, sem isso, será impossível pensar no fim da pobreza, no acesso universal à água limpa e à proteção da vida dos ecossistemas terrestres. Assim, entre as ferramentas que podem garantir a saúde do solo, Lal apontou a agricultura regenerativa, a agricultura digital e a inteligência artificial para cuidar da saúde do solo.

“O nexo entre a saúde do solo e a saúde humana é fundamental, pois os alimentos vêm de um solo saudável. O solo é como uma conta bancária na qual se aplica a lei do retorno. Se sequestramos carbono, os ganhos superam as perdas. Em compensação, se o solo perde carbono, acontece o contrário”, explicou o laureado cientista.

Lal também falou sobre a necessidade de que o carbono sequestrado nos solos pelos agricultores que realizam boas práticas seja reconhecido como um commodity que pode ser direcionado aos mercados, da mesma maneira que os grãos e a carne.

“É uma maneira de empoderar os agricultores para que produzam mais com menos recursos naturais. Se fizermos mudanças em nossos modos de produção e de consumo, será possível frear a mudança do clima, e a agricultura precisa ser uma solução”, acrescentou.

Lucratividade

Como já mostramos, a adoção de modelos da bioeconomia pode resultar em aumento anual de pelo menos R$ 40 bilhões no PIB da Amazônia Legal (AML), além de garantir o crescimento de todos os setores, incluindo a agropecuária. Jà o PIB brasileiro totalizaria R$ 14,658 trilhões, valor 35% maior que os R$ 9,9 trilhões registrados em 2022

De acordo com o estudo “Nova Economia da Amazônia”, lançado em junho, pelo instituto de pesquisa WRI, os números incluem a geração 312 mil empregos, 81 milhões de hectares em florestas adicionais e estoque de carbono 19% maior em comparação ao modelo atual de desenvolvimento.

 

LEIA MAIS:

Países da Pan-Amazônia recebem guia para fortalecer bioeconomia na região

Estados debatem bioeconomia e sustentabilidade na Amazônia Legal

Líderes de nove países defendem pacto pela bieconomia na Amazônia

Bioconeomia pode elevar PIB da Amazônia Legal para R$ 40 bi

Países da Amazônia discutem criação de rede de bieconomia

Amazônia Legal terá recursos para projetos de bioeconomia