O cenário global de calor extremo pode deixar a saúde dos brasileiros especialmente vulnerável, tanto pela desigualdade socioeconômica quanto pela falta de preparo para a nova era climática. A situação pode, além de aumentar o número de doenças entre a população, levar à morte.
De acordo com publicação da UOL desta sexta-feira, 15/12, apesar de raramente aparecer no atestado de óbito como causa direta de mortes, existem pelo menos 27 maneiras de se morrer de calor.
Foi o que apontaram pesquisadores da Universidade do Havaí (EUA) em 2017. Eles chegaram a esse número compilando evidências médicas dos desfechos mortais causados por ondas de calor. A pesquisa também mostra que a mortalidade associada ao calor não é corretamente notificada na maioria dos países.
Isso porque as temperaturas extremas são o gatilho silencioso para a falência de sete órgãos vitais: cérebro, coração, intestinos, rins, fígado, pulmões e pâncreas.
No calor, o corpo tenta equilibrar a temperatura interna desviando o fluxo sanguíneo desses órgãos para a pele. Dependendo da intensidade ou duração da exposição, o mecanismo de autoproteção pode levar ao suprimento inadequado de sangue nesses órgãos vitais, causando isquemias, ataque cardíaco e à falência.
A temperatura também altera o funcionamento das enzimas, aumentando o risco de inflamação. A desidratação de vias aéreas aumenta o risco de infecção por bactérias e fungos. Os rins absorvem mais água, o que pode levar à insuficiência renal e infecção urinária.
Para quem é mais pobre e mora em áreas vulneráveis, a ameaça é maior.
“As pessoas estão sofrendo por falta de infraestrutura. A população fica mais exposta nesses locais porque há mais dificuldade financeira para adaptação”, afirma Micheline Coelho, meteorologista da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do grupo internacional Multi-Country Multi-City.
Em desertos, é comum que pessoas morram em poucas horas devido ao calor. A temperatura elevada baixa a pressão arterial e causa convulsões, tontura, problemas de consciência e vômitos. No caso das mortes em ondas de calor, trata-se de uma somatória de dias quentes. O risco de sucumbir é maior para idosos e crianças com menos de 5 anos.
Portanto, em dias muito quentes como os que o Centro-Oeste está experimentando, é preciso se hidratar e se proteger das altas teperaturas.
Veja dicas de como aqui.
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