Por André Garcia
Os sojicultores brasileiros estão mais pessimistas em relação à safra 23/24 do que as recentes projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além de apontarem para perdas muito maiores em função do clima, eles alegam que a imprecisão dos dados divulgados aumenta os prejuízos no setor.
O USDA cortou em 4 milhões de toneladas sua previsão, na comparação com o relatório anterior, projetando agora que o país colha 157 milhões de toneladas ao final da safra. Já as projeções da Conab são de que o Brasil produza 155,3 milhões de toneladas de soja até o final do período 2023/2024.
Já a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil) estima que a safra chegará a 135 milhões de toneladas, no máximo. Número bem inferior ao divulgado por instituições e empresas do Brasil e do exterior.
“É preciso que a Conab atualize suas metodologias, porque não tem correspondido com nenhuma das empresas que fazem esse tipo de pesquisa e análise do campo no Brasil. Essa seria a melhor forma que o governo tem hoje de, inicialmente, ajudar os produtores de Mato Grosso, que é a região que mais sofre, o Centro Oeste, e todo o Brasil”, afirma o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber.
Conforme mostrado pelo Gigante 163, o último levantamento da Aprosoja-MT contrapõe os números oficiais da Conab, que mesmo diante de um cenário de adversidade climática, aponta para “safra recorde” no País. Enquanto a entidade estadual diz que a produção deve ser de 35,75 milhões de toneladas, 9,56 milhões a menos que no ciclo passado, a Conab estima 40,2 milhões.
Os dados oficiais também não condizem com outras consultorias, como a Pátria, que aponta 37,86 milhões de toneladas no Estado e 143,18 milhões de toneladas em todo País. Nesta semana o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) também revisou seu levantamento para 39 milhões de toneladas em 2023/24, 7,41% menos do que a estimativa de dezembro, de 42,1 milhões.
Imprecisão gera prejuízo
Para Lucas, a imprecisão dos dados prejudica os produtores, já que os números repercutem no mercado, mesmo não refletindo a realidade do campo. No mesmo sentido, a Aprosoja Brasil apontou que as estimativas têm provocado uma tendência de baixa, o que estaria obrigando os produtores a lidar com preços incompatíveis com a realidade e trazendo prejuízo.
“Quando o produtor recebe um valor abaixo do que seu produto realmente vale, e que não cobre o custo de produção, o prejuízo não fica somente com os produtores, mas é compartilhado na forma de redução da atividade econômica nas regiões produtoras, o que significa uma redução dos postos de empregos e oportunidades de investimento” diz publicação da entidade.
Os efeitos não se limitariam, segundo a diretoria da Aprosoja Brasil, aos sojicultores. Deste modo, a recomendação é para que os associados evitem fazer novas vendas de soja e aguardem o mercado reagir.
“Além de levar produtores em todo o Brasil a deixarem a atividade, diminui a arrecadação dos municípios, do estado e do Governo Federal.”
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