Nas últimas semanas, parlamentares norte-americanos enviaram cartas à Security and Exchange Commission (SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) contra a listagem da brasileira JBS na Bolsa de Valores de Nova York, a maior do mundo.
A justificativa é a falta de controle da JBS sobre o desmatamento ilegal em suas cadeias produtivas. Para esses parlamentares, a entrada da empresa na Bolsa de NY pode ampliar as possibilidades de financiamento para expansão de seus negócios, o que intensificaria os impactos ambientais de sua operação.
“Dezenas de reportagens e de organizações da sociedade civil mostraram que a JBS está ligada a mais destruição de florestas e outros ecossistemas do que qualquer outra empresa no Brasil. (A JBS) tem afirmado repetidas vezes que eliminará o desmatamento (de sua cadeia de fornecimento), mas não tomou medidas significativas para fazê-lo”, apontou uma das cartas, assinada por 15 senadores democratas e republicanos.
O veto à JBS não se limita aos EUA. Neste mês, um grupo de parlamentares do Reino Unido também se manifestou contrário à entrada da empresa na Bolsa de Nova York. Para os representantes britânicos, o frigorífico tem “um histórico bem-documentado de envolvimento em desmatamento, violação de Direitos Humanos e apropriação de terras de comunidades indígenas”. A Bloomberg deu mais detalhes.
O descontrole sobre o desmatamento é um problema antigo e frequente da JBS no Brasil. No ano passado, a empresa foi acusada, com outros três frigoríficos, de comprar gado criado ilegalmente dentro da Reserva Extrativista (RESEX) Jaci-Paraná (RO), a Unidade de Conservação proporcionalmente mais desmatada da Amazônia. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) também apontou que a empresa segue comprando gado criado em áreas ilegais no Amazonas, Mato Grosso e Pará.
Associated Press, Folha e Metrópoles repercutiram a ofensiva dos parlamentares norte-americanos contra a JBS.