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Manejo do solo e ZARC ajudam produtor a driblar danos causados pelo clima

Manejo do solo e ZARC ajudam produtor a driblar danos causados pelo climaLavoura de soja sobre palhada de consórcio forrageiro. Foto: Embrapa

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Por André Garcia

Altas temperaturas e escassez de chuva complicaram a vida do produtor no Centro-Oeste na safra 2023/24. Os prejuízos causados por condições como estas, que tendem a se tornar mais frequentes, podem ser atenuados pelo manejo de excelência do solo e pelo uso de informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).

Em Mato Grosso, principal produtor do País, a precipitação acumulada ficou abaixo das médias esperadas para o período em praticamente todo o estado. A irregularidade das chuvas aliada a um período marcado por recordes históricos de calor causou danos às lavouras de soja e levou várias regiões ao replantio.

“Essas altas temperaturas trazem uma situação bastante desafiadora para o sistema produtivo, pois as culturas precisam de mais água no solo para atender a demanda evapotranspirativa”, diz o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Cornélio Zolin.

Como já mostrado pelo Gigante 163, a manutenção adequada do terreno resulta na conservação de espécies animais, incluindo fungos e bactérias necessários ao desenvolvimento das plantas. Além disso, aumenta a captura de carbono no solo e, de quebra, reduz gastos com adubação.

“O produtor precisa buscar cada vez mais melhorar a cobertura desse solo, revolver o mínimo possível, fazer rotação, fazer integração, usar diferentes tipos de culturas e consórcios, para melhorar o perfil do solo e diminuir a compactação”, acrescenta.

Estratégias

Unânime entre os especialistas, a Integração Lavoura, Pasto, Floresta (ILPF), é uma das estratégias que contempla todas essas demandas, contribuindo para melhorar a ciclagem de nutrientes em áreas de produção de grãos. Isso porque a inserção das árvores intensifica a ciclagem de nutrientes e eleva a atividade biológica no solo.

Frente aos efeitos das mudanças climáticas, contudo, outros métodos também devem se popularizar, como a recuperação de pastagens degradadas, sistemas integrados, sistemas agroflorestais e recuperação da vegetação nativa. Seja qual for a escolha do produtor, Cornélio reforça que o trabalho de manejo de excelência deve ser constante.

“Tem que possibilitar que a planta desenvolva ao máximo o seu sistema radicular para que ela possa explorar regiões mais profundas e assim ser mais resiliente frente a condições climáticas adversas”, orienta o pesquisador.

Vale destacar que a Embrapa Agrossilvipastoril trabalha com consórcios forrageiros que também atendem a essas demandas, seja em sistemas de plantio direto ou em sistemas de integração lavoura-pecuária. Há opções de consórcios que visam a descompactação, a ciclagem de nutrientes, o aumento de matéria orgânica e a mitigação de nematóides.

Janela ideal

Outra ferramenta importante para reduzir riscos de perdas causadas pelas adversidades do clima é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). A plataforma orienta a janela ideal de semeadura de cada cultura em cada município brasileiro conforme o ciclo produtivo e o tipo de solo.

“Junto a isso, melhorias em relação aos níveis de manejo também serão incorporados no zoneamento. E tudo isso forma um conjunto de ferramentas que orienta o processo produtivo de modo que o produtor possa reduzir ao máximo os riscos que são provenientes dessas condições adversas”, pontua Zolin.

O ZARC define as janelas de semeadura conforme os níveis de risco, com 20, 30 e 40% de chances de perda. Ele também orienta instituições financeiras em relação ao financiamento de safra e ao seguro agrícola e pode ser conferido no aplicativo Plantio Certo, disponível para download gratuito em sistemas Android ou iOS.

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