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Brasil reduz perda florestal em 36%, mas biomas ainda correm risco

Brasil reduz perda florestal em 36%, mas biomas ainda correm riscoRedução é a mais baixa registrada desde 2015. Foto: Polícia Federal

Degragação na Amazônia atinge 2.846 km² e é a maior em 15 anos
Desmatamento no Cerrado cresce 203% em outubro
Você sabia? Queimadas deixam ar nocivo para 20 milhões no País

Por André Garcia

O Brasil teve uma redução de 36% na perda de floresta primária, passando de 1.8 milhão de hectares desmatados em 2022 para 1.1 milhão de hectares em 2023.  Este é o nível mais baixo registrado desde 2015, segundo  dados do Laboratório GLAD da Universidade de Maryland divulgados nesta quinta-feira, 4/4.

Disponíveis na plataforma Global Forest Watch do World Resources Institute (WRI), os números apontam para uma redução considerável da contribuição do País nas perdas globais, que passou de 43% em 2022 para 30% em 2023.

O resultado positivo é puxado pela queda na devastação da Amazônia, que perdeu 39% menos de sua vegetação primária em 2023 do que em 2022. Como já mostramos, o ecossistema foi beneficiado por políticas prioritárias e vem mantendo esta tendência ao longo dos últimos meses graças a uma série de ações de prevenção e controle.

Na contramão

A comemoração,porém, não se estende a todos os biomas brasileiros. O Cerrado teve alta de 6% na perda de floresta primária entre 2022 e 2023, mantendo uma tendência de cinco anos. Focado no controle do desmatamento legal, o Governo tenta alcançar o mesmo feito da Floresta Amazônica com o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).

No Pantanal, a maior área úmida tropical do mundo, o cenário de perdas foi potencializado pelos incêndios de 2023. Segundo a WRI, uma seca que se estende por vários anos, causada em parte pelas mudanças climáticas, resultou em queimadas repetidas em grandes áreas, o que afeta a capacidade de recuperação do ecossistema.

Políticas de conservação

Ao destacar que a Colômbia também apresentou redução na área devastada, o relatório enfatizou a importância de mudanças nas políticas públicas de proteção ambiental.

“Os números da perda de floresta deste ano contam uma história inspiradora do que podemos alcançar quando os líderes priorizam a ação, mas os dados também destacam muitas áreas urgentes de oportunidades perdidas para proteger nossas florestas e nosso futuro”, afirma Ani Dasgupta, CEO da WRI.

Preocupação global

Embora a perda de floresta tropical primária tenha diminuído significativamente em países como Brasil e Colômbia, em outras nações as taxas seguem em alta. De acordo com a análise anual do Global Forest Watch, isso mostra que o mundo está fora do rumo para alcançar as metas de combate ao desmatamento até 2030.

“As quedas na Amazônia brasileira e na Colômbia mostram que o progresso é possível, mas o aumento do desmatamento em outras áreas praticamente anulou esse progresso. Devemos aprender com os países que estão conseguindo reduzir com sucesso o desmatamento”, diz a diretora do Global Forest Watch, do WRI, Mikaela Weisse.

Para se ter ideia, na Bolívia, a perda de floresta primária aumentou 27% em 2023, mesma porcentagem da Indonésia. Laos e Nicarágua, por sua vez, vêm registrando aumentos consecutivos nos últimos anos. Os dois países têm taxas excepcionalmente altas em relação ao seu tamanho, com perdas 1,9% e 4,2%, respectivamente.

Florestas primárias

Mikaela destaca que as florestas tropicais primárias representam os ecossistemas mais importantes para evitar a emissão de carbono e a perda de biodiversidade, sendo as ferramentas mais efetivas para combater as mudanças climáticas.

As florestas tropicais primárias se caracterizam pela grande quantidade anual de chuvas, temperaturas médias elevadas, solo pobre em nutrientes e riqueza em biodiversidade. No Brasil, o maior exemplo é a floresta amazônica.

 

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