Por André Garcia
Mato Grosso lidera o ranking das queimadas no Brasil em março, com 1.624 registrados entre 1 e 31 de março. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e mostram que desde janeiro o estado acumula um total de 3.334 focos, ficando atrás apenas de Roraima, que somou 4.093 nos primeiros três meses do ano.
O número também representa um recorde para Mato Grosso, sendo o mais alto registrado no primeiro trimestre desde o início do monitoramento do Inpe, em 1999. Para se ter ideia, em relação a 2023, a taxa apresentou um salto de 155%, passando de 1.331 para 3.404.
No Centro Oeste, a situação também é preocupante em Mato Grosso do Sul e Goiás, que chegaram a 848 e 465 focos no período, respectivamente. Na região, vale destacar que os municípios com maiores índices são Corumbá (MS) com 250 focos, Nova Maringá (MT) com 231 e Brasnorte (MT) com 193.
Entre os biomas, a Amazônia é maior atingida pelos incêndios, com a marca de 7.871, seguida pelo Cerrado, com 3.660.
Manejo do fogo
Ao G1, o coordenador do núcleo de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinicius Silgueiro, explicou que a maioria dos focos de incêndio acontecem em áreas de transição onde há propriedades rurais de expansão da prática produtiva.
“Mais de 90% estão ocorrendo em imóveis com atividades agropecuárias. O uso do fogo em áreas de conversão para soja ou pastagem é o que os dados têm mostrado. Áreas de expansão em que o fogo é usado no processo de limpeza”, disse.
Além disso, o aumento nos focos é atribuído às altas temperaturas, especialmente pelo efeito do El Niño desde o ano passado.
“Neste ano, a partir de julho, há 75% de probabilidade de influência do La Niña que infelizmente vai fazer com que a chuva comece um pouco mais tarde. Por isso, o fogo tende a permanecer mais tempo quando ele é iniciado”, explicou.
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