HomePecuária

Saiba a importância da ‘CNH do boi’ para a agenda sustentável do setor

Saiba a importância da ‘CNH do boi’ para a agenda sustentável do setorEnvolvidos devem se alinhar por resultados. Foto: Imazon

Você sabe o que é regeneração natural assistida?
Estudo mostra impactos positivos na saúde do solo do Cerrado Goiano
Brasil não pode ficar refém da relação com EUA, afirma Fávaro

O País investe na rastreabilidade bovina há tempos. São dezenas entidade setoriais, associações da sociedade civil, companhias privadas e poder público com dedicação à transparência do trajeto que o boi faz desde a fase do bezerro até chegar ao frigorífico. Dados como a Guia de Trânsito Animal (GTA) e o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (Sisbov)  precisam conversar entre si para cooperar a governança do agro em tempos de agenda ESG (sigla em inglês para melhores práticas ambientais, sociais e de governança). As informações são do site Um Só Planeta.

De acordo com a reportagem, as fontes revelaram que não há consenso entre os diferentes stakeholders para colocar de pé um sistema de rastreabilidade que realmente seja transparente. Ter um senso comum sobre a necessidade da rastreabilidade não significa concordar com metodologias ou prazos.

“Temos que deixar isso visível. Não adianta ver o Brasil no macro, mas (é preciso) ir no individuo, porque levantamos o questionamento e vamos mostrar se está se fazendo certo ou errado. Se estiver errado, vamos corrigir”, disse Netto Schimansky, presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está em conversas constantes com a organização. Dentre as propostas debatidas estão, na analogia da secretária da pasta Renata Miranda, a “CNH do boi”. Ela reforçou que rastreabilidade não é o mesmo que conformidade, mas sim uma forma de mapear o histórico dos dados.

Miranda explicou a “pecuária rastreável não é sinônimo de pecuária sustentável”, porém são os dados que vão proporcionar este diagnóstico. É esta plataforma de inteligência que ela tem a missão de implementar e colher resultados, de preferência, até a COP30 no ano que vem.

“A plataforma não vai gerar nada novo, mas vai reconhecer e utilizar essa base de dados para fazer os cruzamentos corretos e fornecer ao produtor rural ao que é de direito dele, como um acesso à CNH, que dá acesso às informações do veículo, multas. A gente vai dar a cidadania, as informações relacionadas ao compromisso dele de produção”, disse.

Uma das bases de dados considerada por Renata Miranda é o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), com mais de 30 anos de análise de dados. A questão central é que não basta os frigoríficos terem transparência sobre o fornecedor direto, pois o que se demanda hoje em dia – principalmente – é o histórico sobre os indiretos.

“Temos que pensar como País numa forma de dar prazo e condições para todos se adequarem, principalmente para os pequenos produtores que muitas vezes são os criadores de bezerro, onde tudo se inicia”, afirmou Caio Penido, pecuarista de Mato Grosso.

Penido reforçou que o movimento para a mudança é a união.

“Uma política de rastreabilidade precisa se atentar ao risco de exclusão daqueles pecuaristas que estão mais atrasados tecnologicamente, como agricultores familiares e assentados. Não podemos ter um apartheid de produtores”, revelou.

Ou seja, a rastreabilidade deve estar acompanhada de assistência técnica e recursos. Assim, os pequenos produtores têm as mesmas vantagens que os grandes produtores que conseguem inovar, investir em genética e profissionalização. Incentivos financeiros para que os pecuaristas se engajem em contribuir para a rastreabilidade brasileira podem ser uma alternativa, a exemplo do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ou mecanismos mais concretos sobre o mercado de carbono para quem atender aos protocolos de carne carbono zero.