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Degragação na Amazônia atinge 2.846 km² e é a maior em 15 anos

Degragação na Amazônia atinge 2.846 km² e é a maior em 15 anosNúmero foi puxado por queimadas em Roraima. Foto: Divulgação/Polícia Federal

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Por André Garcia

Na contramão da redução do desmatamento na Amazônia, a degradação florestal chegou ao seu maior índice no primeiro quadrimestre em 15 anos, atingindo uma área de 2.846 km². O número, que equivale ao dobro da cidade de São Paulo, é do Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon (SAD) e foi divulgado nesta terça-feira, 21/5.

Como já mostramos, o desmatamento se resume à remoção total da vegetação, enquanto a degradação é causada pela extração seletiva de madeireira ou pelo fogo. Este último fator foi determinante para o resultado, puxado pelas queimadas em Roraima, que, só nos últimos dois meses, teve 3 mil km² de floresta degradados.

Isso fez com que o estado fosse responsável por 99% da degradação florestal detectada na Amazônia de janeiro a abril deste ano: 2.846 km².

“Por isso, é muito importante que enquanto os governos federal e dos estados sigam intensificando o combate à derrubada da floresta, sejam realizadas ações específicas de enfrentamento às queimadas, focando principalmente em Roraima”, sugere Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

O cenário é agravado por uma seca histórica que atinge vários estados brasileiros desde o ano passado, já que o risco de queimadas aumenta com o estresse hídrico, como vem acontecendo em Roraima.

Crédito – Imazon

“Segundo os nossos monitoramentos da superfície de água no bioma Amazônia, que apresenta dados desde 1985, o estado foi o mais afetado pela redução hídrica, onde as várzeas estão ficando mais secas a cada verão”, explica Carlos Souza Jr, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon e responsável técnico pela iniciativa MapBiomas Água.

Desmatamento e degradação

Diferente do desmatamento, que faz com que a floresta deixe de existir e dê lugar a outras paisagens como o pasto, a degradação transforma o bioma por dentro: em longo prazo, árvores maiores dão lugar a vegetação com estruturas menores, há menos biomassa e menor capacidade de cumprir com os serviços ecossistêmicos.

No caso da degradação, as consequências incluem menor capacidade de reter o CO2, e interferência no ciclo hidrológico com menos chuvas e aumento da temperatura. Além disso, ela representa uma ameaça grave ao cumprimento das metas brasileiras estabelecidas em acordos internacionais para a manutenção da estabilidade climática.

Crédito: Imazon

Desmatamento tem 13º mês consecutivo de redução

Principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil, o desmatamento da Amazônia apresentou em abril seu décimo terceiro mês consecutivo de redução. Conforme o Imazon, em abril, foram desmatados 188 km² de floresta, 44% a menos do que no mesmo mês em 2023, quando foram destruídos 336 km².

Já no acumulado do ano, de janeiro a abril, a destruição da floresta teve uma queda de 58% em relação a 2023, quando foram desmatados 1.203 km², e de 73% se comparado a 2022, quando a devastação atingiu 1.884 km². Porém, a derrubada no primeiro quadrimestre de 2024 ainda é maior do que a registrada em 2019: 463 km².

MT, AM e RR lideram a devastação

Embora tenham apresentado queda no desmatamento em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado, os três estados que mais derrubaram a floresta no período foram: Mato Grosso, Amazonas e Roraima. Juntos, foram responsáveis por quase 80% do desmate entre janeiro e abril na região.

Em Mato Grosso, a devastação tem avançado em municípios da metade norte, principalmente em Colniza, Nova Maringá e Juara, presentes no ranking dos 10 mais desmatados da Amazônia em fevereiro, março e abril. Unidades de conservação do estado também estão nas listas mensais das 10 mais destruídas, como a Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt (janeiro, março e abril), Parque Estadual Cristalino (fevereiro) e Estação Ecológica do Rio Roosevelt (abril).

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