Por André Garcia
Até esta segunda-feira, 24/6, o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 2.481 focos de incêndio em Mato Grosso do Sul, onde o fogo continua a se alastrar e já ameaça, além de comunidades ribeirinhas, moradores de cidades como Corumbá (425 km de Campo Grande).
No sábado, 22/6, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul combateu chamas na margem do rio Paraguai, oposta à do Porto Geral, região turística no centro do município. O risco era de que o vento carregasse material incandescente sobre o rio, atingindo a vegetação do lado da parte urbanizada.
“É uma área em que a fumaça tem incomodado a população devido a proximidade com a cidade. Por isso, concentramos os lançamentos no local. Retomamos os combates nas proximidades de Corumbá e estamos prontos para ação em outros pontos de interesse”, explica o capitão Jonatas Lucena, do Grupamento de Operações Aéreas (GOA).
Situação de emergência
Frente à destruição, o Governo do Estado decretou, nesta segunda-feira, 24/6, situação de emergência aos municípios afetados, sejam em parques, áreas de proteção e preservação nacionais, estaduais ou municipais, assim como em casos de propagação de fogo sem controle, ou em vegetação que possa acarretar queda na qualidade do ar.
Conforme o documento, no prazo de 180 dias, fica autorizada a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem em ações de resposta ao desastre, reabilitação do cenário e reconstrução. Em caso de risco iminente, os agentes poderão adentrar as casas para prestar socorro, determinar a evacuação e usar propriedade particular.
Além disso, fica dispensada a realização de licitações nos casos de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada a urgência para não comprometer a continuidade dos trabalhos públicos, em relação a obras, aquisição de equipamentos e serviços.
Por terra, água e ar
Seja por terra, ar ou pelo rio Paraguai, os bombeiros contam com tecnologia que permite direcionar as equipes das mais diversas formas para os locais com detecção dos focos. No sábado, aeronaves atuaram na área conhecida como Bracinho, em frente ao Porto Geral de Corumbá.
“Temos uma equipe com três militares para apoio solo, de abastecimento tanto de água e de combustível, e mais dois militares embarcados na aeronave Air Tractor, sendo o piloto e o copiloto. Nós operamos em áreas estruturadas e em fazendas, nas áreas afastadas. Possuímos toda a estrutura para levar nossa equipe o mais próximo do foco do incêndio”, diz Lucena.
O trabalho aéreo de combate ao fogo no Pantanal também contou com o apoio de dois helicópteros do CGPA, equipados com um balde automático, que faz a captação da água no rio ou em local próximo ao fogo. Vale destacar que tudo isso vem acontecendo também ao longo das noites, que as chamas não dão trégua.
“No Pantanal o combate noturno é uma tática que usamos muito por causa das condições atmosféricas, já que ao meio-dia ou uma da tarde encontramos temperaturas de até 46°C e umidade relativa do ar com 13%, fora os ventos acima de 50 km/h. Isso dificulta muito o combate”, explica a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiana Inoue.
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