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Segundo semestre de seca é alerta para Pantanal e Amazônia

Segundo semestre de seca é alerta para Pantanal e AmazôniaRio Paraguai está com nível abaixo do normal. Foto: Prefeitura de Cáceres

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A Amazônia e o Pantanal enfrentam um cenário crítico em 2024. As  mudanças climáticas vêm intensificando a baixa dos rios e aumenta o risco de incêndios florestais. O segundo semestre veio com a temporada de seca antecipada e ampliou o nível de alerta para eventos impactantes sobre as populações e a biodiversidade residentes nos biomas. As informações são do site Um Só Planeta.

Um estudo recente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta para o aumento da frequência de cheias e secas extremas no Brasil na última década. No Amazonas, os dois extremos chegaram a ocorrer no mesmo ano. No Pantanal, 2024 pode registrar a pior seca de sua história, dependendo do início do período chuvoso, que normalmente se inicia em outubro.

“Se vier na hora certa vai ser ruim, mas se atrasar vai ser pior ainda”, disse o engenheiro hidrólogo Artur Matos, coordenador nacional do Sistema de Alerta Hidrológico do SGB.

De acordo com o SGB, todos os rios da bacia do rio Paraguai estão com níveis abaixo do normal para este período do ano, exceto o rio Cuiabá, que se mantém dentro do esperado por influência de uma usina hidrelétrica. Os trechos de Barra do Bugres (MT), Cáceres (MT) e Miranda (MS) apresentam os níveis mais baixos já registrados no histórico para este período do ano.

Na bacia do Amazonas, somente os rios Negro e Branco apresentam níveis dentro da média, considerados bons pelo monitoramento. Os rios Solimões e Amazonas, que se fundem, além dos rios Madeira e Purus, vêm mantendo níveis próximos às mínimas históricas ocasionalmente, e segundo estudo, ainda não se pode decretar uma situação grave de seca a partir dos dados do primeiro semestre.

“A partir da medição do rio Amazonas, em Manaus, não está claro o que pode acontecer ainda. Temos medições (similares às) de dias de seca grande e outras (similares às) de anos normais. Não vemos claramente uma seca extrema nos dados, vai depender dos próximos meses de chuva”, informou Matos.

Novo normal?

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o segundo semestre tem tradicionalmente mais casos de queimadas nos dois biomas. O mês de setembro costuma ser o de maior incidência do fogo no Pantanal e na Amazônia, com médias de 2.094 e 32.245 focos de incêndios, respectivamente.

No ano recorde de 2020, quando o Pantanal registrou 22.116 focos de incêndios, o primeiro semestre teve 2.534 ocorrências, número já superado em mais de 1.000 focos em 2024. O segundo semestre daquele ano chegou a 19.582 registros. Somente em setembro foram 8.106, o pior mês do bioma desde 1998 no monitoramento do instituto.

“O que a gente está vendo aqui é uma tendência de seca, e acho que vai ser o novo normal. No Amazonas, o rio Madeira está lá embaixo, e a Amazônia fornece água para cá (Pantanal) pelos rios voadores. Então, se a Amazônia seca, seca o Brasil todo”, explicou o professor Paulo Sousa Jr., diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal, que opera na Universidade Federal de Mato Grosso.

O aquecimento global intensifica eventos climáticos extremos no Brasil, como inundações e secas, segundo o SGB. Nos últimos 10 anos, a frequência de inundações quase dobrou (+95%), enquanto a ocorrência de secas aumentou quase quatro vezes (+376%).

“A gente se preocupa, e o que está aparecendo estatisticamente é que estão aumentando os eventos de seca e de cheia. Temos que nos preparar para lidar cada vez mais com eventos extremos, tanto na escassez quanto inundações”, disse Matos.