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Clima ameaça trégua do fogo e brigadistas seguem em alerta

Clima ameaça trégua do fogo e brigadistas seguem em alertaFoto: Agência de Noticias do Governo de MS

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Por André Garcia

Os incêndios florestais deram uma trégua em Mato Grosso Sul, que, nesta semana, chegou a registrar cinco dias sem novos focos de calor. Mas isso não significa o fim da ameaça. A preocupação agora é com a queima lenta em troncos de árvores nas áreas atingidas pelo fogo e com o clima, que deve favorecer a propagação nos próximos dias.

De acordo com a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, uma massa de ar frio que chegou à região nesta semana favoreceu as condições de combate, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade relativa do ar. Agora, é preciso fazer o rescaldo para evitar a reignição.

“As nossas equipes combateram os incêndios até a extinção, mas a tendência é que nos próximos dias as temperaturas voltem a se elevar, a umidade relativa do ar diminua e podemos ter mais uma vez uma sequência de incêndios no bioma”, alertou ela, que é responsável pelo monitoramento e ações de combate no estado.

Conforme o boletim semanal divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), nesta terça-feira, 9/2, até o último sábado, foram registrados 54 incêndios no bioma, sendo 30 deles extintos, 24 ativos e 13 controlados.

Segundo o governo de Mato Grosso do Sul, novos focos ativos foram detectados na quinta-feira, 11/7, na região de Maracangalha, mobilizando bombeiros e brigadistas para evitar que a situação tomasse grandes proporções. A situação foi registrada em vídeo pelos profissionais que atuam na região.

Força Nacional

Já o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que bombeiros militares da Força Nacional combatem dois focos de incêndios florestais no estado vizinho, no interior do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, na região de Poconé (100 km de Cuiabá).

Lá, a queima ocorre em áreas isoladas, acessíveis apenas com transporte dos brigadistas e equipamentos por helicópteros. A preocupação é evitar que as chamas avancem para áreas de campo, onde as linhas de fogo ficam mais extensas e de difícil combate.

Incêndio no Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense. Foto: ICMBio

Previsão do tempo

As temperaturas no bioma, na próxima semana, devem ultrapassar os 30°₢, com queda da umidade relativa do ar e aumento na velocidade dos ventos, condições que favorecem a propagação das chamas.

A previsão foi reforçada pela coordenadora do Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec) Valesca Fernandes, que, durante live do Governo, explicou que não deve chover nos próximos dias no Pantanal, com exceção da região de Porto Murtinho.

Até sábado o tempo fica firme com sol e variação de nebulosidade com temperaturas entre 11ºC e 23°C. Na semana que vem os termômetros sobem gradativamente atingindo máxima de 34ºC e a umidade fica entre 10% e 30%, ou seja, as condições voltam a ser favoráveis aos incêndios.

Liberação de recursos

Diante disso, por meio de medida provisória publicada nesta sexta-feira, 12/7, o Governo Federal destinou crédito extraordinário no valor de R$ 137.638.217,00 para atender as ações emergenciais de combate aos incêndios no Pantanal, além da crítica escassez hídrica que afeta a região.

Os recursos são direcionados ao Departamento de Polícia Federal, o Fundo Nacional de Segurança Pública, ações de combate aos incêndios florestais, no âmbito do Ibama e do ICMBio e o apoio das Forças Armadas. O novo crédito se soma a outros R$ 100 milhões disponibilizados ao setor em junho.

Área queimada

Apenas na última semana, o fogo consumiu 61.250 hectares no Pantanal, área maior que a de capitais como Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS). É o que aponta o boletim semanal divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), nesta terça-feira, 9/2.

O documento mostra que entre 1º de janeiro e 7 de julho de 2024 foram queimados 762.875 hectares, o que corresponde a 5,05% do tamanho total do bioma, que, como já mostramos, vem enfrentando a seca mais grave em 70 anos, intensificada pelas alterações climáticas.

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