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Nível do rio Paraguai é o mais baixo em quase 60 anos

Nível do rio Paraguai é o mais baixo em quase 60 anosNível do rio tem mínima histórica e seu estado é crítico. Foto: Imasul

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A queda da temperatura, o aumento da umidade do ar e alguma chuva, ainda que em níveis baixos, trouxeram algum alívio na semana passada ao Pantanal, reduzindo os focos de incêndios. No entanto, a situação está longe de estar sob controle. Ainda mais porque o bioma sofre com a seca que chegou antes do período habitual e reduziu drasticamente os níveis dos rios da região.

O nível das águas do rio Paraguai, o principal do Pantanal, tem sido baixíssimo desde o início do ano, mas a situação agora chegou a um patamar crítico. Em Cáceres, no oeste de Mato Grosso, o rio recuou para 73 cm – a mínima histórica, em 59 anos, tinha sido de 80 cm. A situação não é diferente em Mato Grosso do Sul: 76 cm de lâmina d’água. Em 2023, superava os 4 m, destaca o Jornal Nacional.

O biólogo e diretor-presidente da Ecoa, André Luiz Siqueira, que atua há quase 20 anos na região de Miranda no Pantanal de Mato Grosso do Sul, conta que a seca deste ano pegou os pesquisadores de surpresa, informa o Midiamax.

“De uns anos pra cá, (as baias) têm perdido muita, muita água. Elas ficaram décadas sem secar. Décadas! Agora estão secando e o que assustou o pessoal é que muito mais cedo do que o nível que ela chegou hoje. A ‘secura’ que chegou em junho, deveria ser a partir de agosto”, explicou.

A estiagem fez as cidades de Barão de Melgaço e Poconé, no Mato Grosso, decretarem situação de emergência, relata o hnt. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) já havia restringido o uso de água na bacia do Paraguai, priorizando o consumo humano, a dessedentação de animais, o combate a incêndios, a preservação da fauna e as atividades econômicas.

Além das comunidades, a seca extrema no Pantanal também impacta a biodiversidade. A redução na superfície de água no bioma, que chegou a 61% em 2023 – 382 mil hectares abaixo do habitual –, tem impacto nas rotas migratórias globais de aves, afirmam especialistas ouvidos pelo Metrópoles.

“A dinâmica das águas do Pantanal regula a disponibilidade de alimentos para muitas espécies. Os peixes precisam de áreas alagadas para reprodução e alimentação. A redução de água pode diminuir a disponibilidade de recursos alimentares, afetando a cadeia alimentar local”, detalha o coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas, Eduardo Rosa.

Enquanto os brigadistas combatem os incêndios, biólogos, veterinários e outros profissionais se mobilizam para minimizar o sofrimento da fauna, informa a Agência Brasil.

“Devemos ter muito cuidado, pois é difícil prever por quanto tempo mais toda essa abundância em termos de fauna e flora resistirá até começarmos a perder irremediavelmente espécies para esses incêndios intensos, que têm queimado repetidas vezes as mesmas áreas”, disse o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno do Instituto Homem Pantaneiro.

Os incêndios fizeram com que o Pantanal se tornasse um grande cemitério a céu aberto, lembra o g1. Segundo o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (GRETAP), cobras, jacarés e anfíbios são a maioria entre os animais encontrados mortos pelo fogo.