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Mato Grosso impulsiona crescimento de 230% do cultivo de gergelim no país

Mato Grosso impulsiona crescimento de 230% do cultivo de gergelim no país

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O Mato Grosso não é só milho, soja e algodão. Uma outra opção de plantio tem mostrado resultados robustos de produção na segunda safra. Estamos falando do gergelim, plantado sobretudo nos municípios de Canarana e Água Boa, na região leste do Estado.

O cultivo do grão no Brasil passou de 53 mil hectares na safra 2018/2019 para 175 mil hectares na safra 2019/2020, um salto de 230% em apenas um ano. A produção cresceu 123%, saindo de 41,3 mil toneladas para 95,8 mil toneladas do grão.

Nos últimos dez anos, o aumento da produção foi ainda mais expressivo, cerca de 20 vezes mais grãos do que as cinco mil toneladas registradas em 2010.

O crescimento do interesse pelo gergelim vem tanto das oportunidades de mercado quanto do fato de a cultura ser uma boa alternativa ao milho na segunda safra. Como o gergelim precisa de menos chuvas, sua semeadura na região pode ser feita após o fim da janela ideal de semeadura do milho.

“O plantio do milho safrinha era inviável. O custo de produção não compensava. O gergelim sempre trouxe retorno econômico, às vezes maior, às vezes menor. A elevação do preço do milho no último ano viabilizou o milho. Enquanto for possível plantar na janela do milho, o gergelim fica como segunda opção”, afirma o produtor rural de Canarana Marcos da Rosa, que semeou 400 hectares com gergelim na safra 2021.

Marcos da Rosa já cultiva gergelim há cinco anos e vem trabalhando junto ao Sindicato Rural e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio dos adidos agrícolas, visando à abertura de novos mercados para a produção nacional. “É uma cultura promissora. Não atendemos quase nada do mercado internacional e, a cada ano, vemos surgir novas demandas. Temos conseguido abrir mercados. Índia, Rússia e México vão começar a comprar nossa produção, e estamos trabalhando abertura com a China”, diz.

Cultivares adaptadas

Para atender a demanda dos produtores de gergelim, a equipe de melhoramento da Embrapa Algodão (PB) vem desenvolvendo cultivares adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas do Cerrado e potenciais regiões produtoras, com tolerância às principais doenças e pragas, teor de óleo acima de 50% e rendimento médio de grãos superior a 1.500 quilos por hectare. A empresa já lançou oito cultivares de gergelim, sendo que as três mais recentes – BRS SedaBRS Anahí  e BRS Morena – geraram na última safra um impacto econômico de R$ 52,9 milhões para os produtores brasileiros. Juntas, essas cultivares ocupam hoje 43 mil hectares, o que representa 25% da área cultivada com gergelim no País.

Obstáculos

O aumento da área de cultivo em segunda safra tem revelado que a cultura ainda carece de subsídios técnicos. Para atender a essa demanda, a Embrapa, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e parceiros estão conduzindo diferentes pesquisas, abrangendo do melhoramento genético ao pós-colheita.

As análises mostraram que os manejos de colheita e de pós-colheita influenciam a qualidade do produto, tanto em suas características físicas quanto em sua composição química. Além disso, o uso de equipamentos adequados pode reduzir as perdas na colheita.

Foram avaliadas amostras de diferentes materiais, entre cultivares registradas e grãos misturados, com colheita mecanizada e manual. No caso da colheita manual, o cultivo é feito por produtores assentados da reforma agrária, que produzem em sistema agroecológico, com destinação do produto para o mercado japonês.

Nessas condições, verificou-se que produtores devem atentar nas boas práticas, uma vez que as análises de condutividade elétrica da solução de embebição das sementes mostraram um indicativo da presença de esporos de fungos, causando perda de qualidade dos grãos. Novas análises serão feitas com a produção da safra 2021, buscando identificar o tipo de contaminantes e se apresentam algum risco para o consumo.

O gergelim até então vinha sendo cultivado em pequenas áreas, com pouca mecanização. Não existem ainda, no mercado, plataformas específicas para sua colheita, necessárias no caso da produção em áreas cada vez maiores. O uso de plataformas voltadas à colheita da soja, por exemplo, traz algumas dificuldades, pois as diferenças entre tamanho, peso, formato e umidade entre os grãos causam perdas que podem chegar a 50%.

Adaptações nessas plataformas, feitas pelos produtores dentro das fazendas, de modo a atender as especificidades do gergelim, estão demonstrando eficácia na redução das perdas. Pesquisas conduzidas pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso Diego Fiorese mostraram que em uma fazenda de Campo Novo do Parecis (MT), com duas plataformas adaptadas definitivamente para o gergelim, as perdas caíram para entre 15 e 13%.

De acordo com o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Diego Fiorese, em média, 20% das perdas são naturais, 70% ocorrem na plataforma de colheita e 10% nos mecanismos internos da colhedora.

Fonte: Embrapa