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Ação entre produtores e índigenas é chave para combater ao fogo

Ação entre produtores e índigenas é chave para combater ao fogoPreparação de comunidades tradicionais já traz bons resultados. Foto: Felipe Werneck/Ibama

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Por André Garcia

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Cerrado, Amazônia e Pantanal estão fechando o mês de julho com altas nos focos de calor de 9%, 66% e 733%, respectivamente. Alimentada pelas mudanças climáticas, a explosão dos incêndios florestais ameaça estes biomas com o retorno cada vez mais frequente do fogo, exigindo integração para evitar que propriedades rurais e comunidades indígenas continuem sendo destruídas.

O primeiro passo para isso pode ter sido dado com a recente aprovação do Projeto de Lei (PL) 1.818/2022, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, pelo Senado Federal e que agora espera sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“A aprovação do PL vai trazer um avanço significativo na prevenção e ajudar tanto os produtores quanto às comunidades”, explicou à reportagem a líder do programa Sociedade e Clima da Amigos da Terra (AdT), Luciane Simões.

Junto à Brigada Voluntária Indígena do Capoto-Jariña, na Amazônia, a educadora ambiental conta que o fortalecimento do Prevfogo na região resultou na queda de 90% dos incêndios florestais entre 2022 e 2023, ano em que o bioma enfrentou uma seca histórica.

“Esse planejamento deve respeitar as características de cada bioma. A prevenção é a melhor forma de se evitar os incêndios além de ser infinitamente mais barata e menos exaustiva, do ponto de vista de quem atua diretamente no combate às chamas”, pontuou.

Neste ano, já foram implementadas ações planejadas que devem seguir até novembro, quando as chuvas devem se consolidar, o que inclui o treinamento de brigadistas e a aquisição de equipamentos. Para ela, essas ações precisam ser estendidas às fazendas e outras comunidades, por meio de um trabalho conjunto.

“É preciso manter uma conversa constante com os produtores para que haja uma adaptação a essa nova realidade climática, levando em consideração o conhecimento de comunidades tradicionais e a ciência”, acrescenta.

Foto: Felipe Werneck/Ibama

Prevenção e adaptação climática

Diante das secas cada vez mais frequentes e intensas, essa integração é, sobretudo, estratégica. Especialmente porque, mesmo representando apenas 5% da população mundial, os indígenas  são responsáveis por proteger 80% da biodiversidade do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Não à toa, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apoia a prevenção e o combate a incêndios em Terras Indígenas na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. De acordo com a autarquia, são 57 Brigadas Federais em Terras Indígenas (BRIFs), algumas em fase de implementação.

O Programa Brigadas Federais em Terras Indígenas é fruto de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em 2013. Desde então, mais de 50% dos brigadistas são indígenas, o que facilita o diálogo com as lideranças e o respeito às tradições e cultura de cada comunidade.

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