Por André Garcia
O fogo que já consumiu quase 1 milhão de hectares no Pantanal, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), continua criando cenas impactantes. Neste final de semana, um incêndio às margens do Rio Paraguai, gerou muita fumaça e “pintou” o céu de vermelho nas proximidades de Corumbá (420 km de Campo Grande).
Embora o município lidere o ranking dos focos de calor no País, com 3.557 registros desde o início do ano, o medo das chamas também se espalha por outras regiões de Mato Grosso do Sul, como Nhecolândia, Porto da Manga, Rabicho e Albuquerque, além da Serra do Amolar.
De acordo com o Governo do Estado, as condições climáticas severas contribuem para intensificar os incêndios florestais, que hoje causam mais preocupação na região da Nhecolândia e na fronteira com a Bolívia. Nestas duas áreas, consideradas de difícil acesso, o combate é feito por 34 bombeiros, além de brigadistas.
Na Nhecolândia o trabalho é voltado a proteger as sedes das fazendas com atuação em solo e apoio aéreo, o fogo no local teve início na semana passada, provocado por um caminhão que estava atolado. Já na região da Serra do Amolar, o incêndio teve início em território boliviano, já atingiu o Brasil e segue avançando.
A tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), conta que ali, em decorrência de uma mudança na direção dos ventos, as equipes precisaram se deslocar da base avançada da barra do São Lourenço enquanto faziam aceiros para impedir o avanço do fogo.
“A técnica empregada precisou ser refeita. Além disso, ocorreu um redemoinho de fogo. E por conta disso, a guarnição foi cercada e teve que fazer uma evacuação de emergência, porque poderia acontecer também um acidente com nossos combatentes”, disse.
IA é usada no combate
Com a ajuda de tecnologia, é possível a detecção precoce do fogo e a partir daí são realizadas operações complexas para a rápida resposta. A adaptação das estratégias é necessária para enfrentar os desafios impostos pelo fogo e sua propagação, e assim mitigar seu impacto.
Foi o que garantiu acordo firmado em julho pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, que passou a ter acesso integral e em tempo real ao sistema de monitoramento Pantera, mantido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) em parceria com a startup Um Grau e Meio.
Essa tecnologia usa inteligência artificial para identificar sinais de fumaça e faz o reconhecimento do registro em questão de minutos. Atualmente, o sistema Pantera em operação na região do Alto Pantanal, possui cinco câmeras instaladas em um território que forma um corredor de biodiversidade e engloba a Serra do Amolar.
O sistema funciona 24 horas, sete dias por semana e assegura o monitoramento para prevenção de incêndios em uma área de até 1 milhão de hectares ao norte de Corumbá, em locais remotos e sem o acesso por estradas. Segundo o IHP, o acordo é válido até outubro, quando a expectativa é de que a chuva volte ao bioma.
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