Por André Garcia
A pior seca em mais de quatro décadas ameaça as plantações no Brasil, colocando em risco o fornecimento de commodities agrícolas em um mercado global que se tornou cada vez mais dependente do País. Enquanto o fogo destrói lavouras de cana-de-açúcar, o calor e a baixa umidade impedem a colheita de café e o plantio de soja.
E como já mostramos, não há previsão de chuva consistente por pelo menos mais duas semanas, período em que os produtores começam a plantar soja e os cafeeiros costumam florescer. As perdas podem piorar o estresse financeiro de agricultores que já enfrentam uma queda acentuada dos preços.
Embora o vazio sanitário, período em que é proibido o plantio da oleaginosa, esteja acabando, este cenário pode levar produtores do Centro-Oeste a adiar o plantio de soja até que a umidade melhore, conforme explicou à Folha de São Paulo, Daniele Siqueira, representante da AgRural.
Em Mato Grosso, a semeadura está autorizada a partir de 6/9, enquanto em Mato Grosso do Sul, a partir de 15/9 e em Goiás, a partir de 24/9. Mas, quem optar por semear enquanto o solo ainda estiver seco, pode ter que replantar.
Vale destacar que atrasos na soja também podem afetar outras culturas que serão plantadas mais adiante na atual safra, após a colheita da soja, como algodão e milho.
Alta nos insumos
A combinação de incertezas econômicas e climáticas traz desafio extra à safra de soja 2024/2025. Com o preço mais baixo das commodities e o custo ainda elevado dos insumos, especialmente das sementes, os produtores darão início ao plantio no próximo mês ainda com dúvidas em relação à rentabilidade do ciclo.
Isso porque o preço do grão caiu muito mais do que o preço das sementes, tornando a relação de troca menos favorável para os produtores em comparação ao ano passado. Como já mostramos, a dinâmica resultou em atraso nas compras desse ano, da mesma forma como ocorreu no dos adubos e fertilizantes.
Driblando os desafios
Recentemente, mostramos que mesmo em um cenário de seca severa, alguns produtores têm conseguido manter a rentabilidade da soja ao adotarem estratégias como o antecipasto. A prática pode ser resumida como uma forma de integração lavoura-pecuária (ILP), em que é feito o consórcio de soja com capim.
Neste caso, o produtor deve estar atento ao padrão de crescimento da soja escolhida, uma vez que o mercado oferece diferentes programas de melhoramento genético. Entre as características, a soja deve apresentar resistência a herbicidas, ter porte em torno de 90 cm a 110 cm e crescimento vegetativo vigoroso com bom fechamento de entrelinhas.
Além disso, o espaçamento entrelinhas da oleaginosa não precisa ser modificado, sendo entre 45 cm e 60 cm. O momento ideal para a dessecação pré-colheita da soja é a partir do estádio reprodutivo R7.2, quando a planta está bem amarelada, não ocorrendo a perda de produtividade nem a eficiência da dessecação.
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