Não há como negar que a maior parte do fogo que assola nosso País, comprometendo a saúde de nossas crianças e idosos, não é natural. Há casos de pessoas que queimam o lixo e perdem o controle. Há casos de produtores que foram limpar o terreno e acabaram vítimas do fogo que atearam. Mas há casos em que o uso do fogo não tem relação com nossa atividade.
Quem não trabalha no campo não consegue fazer essa distinção. Quem nos acusa de incendiar o Brasil nos coloca no mesmo balaio de gente que utiliza o fogo de forma criminosa. E como temos reagido? Da mesma forma como quem nos acusa: sem separar o honesto do desonesto, a vítima do criminoso.
Existem criminosos e desonestos em todas as profissões: médicos, jornalistas, arquitetos, engenheiros, agrônomos… E, invariavelmente, quando há uma denúncia de má conduta, a categoria apura e colabora com investigações policiais. Além do inquérito na justiça, quando o crime é comprovado pode haver até expulsão da categoria, com cassação do direito de exercer a profissão.
Mas quando a crítica resvala no agronegócio, as vozes do setor não cobram a necessária separação do joio do trigo para que o trigo não arda junto com o joio, como está acontecendo agora. A primeira reação geralmente é de defesa do setor como um todo, como se não houvesse bandidos tentando se passar por produtores.
As queimadas representam um grave problema para a economia, prejudicam a agricultura e a pecuária, além de colocar em risco a saúde da nossa família. E nós sabemos que a grande maioria dos produtores brasileiros não pratica crimes ambientais, não desmata, não provoca incêndios.
Está na hora de cobrarmos a identificação e responsabilização de quem comete esses crimes. Os agricultores e pecuaristas honestos precisam exigir do governo a identificação dos criminosos. Precisamos que nossas entidades representativas contribuam com as investigações. Ajudem a separar quem constrói de quem destrói.
É fundamental identificar e punir os responsáveis. Mas precisamos também de qualificação para evitar o descontrole do fogo por parte de produtores menos preparados. Precisamos de mais recursos para o combate a incêndios nas temporadas secas. Mas precisamos, sobretudo e urgentemente, parar com o crime que está queimando nossas terras, nossa imagem e a reputação de produtores honestos.
Para isso, nossas lideranças têm que atuar fortemente no Congresso para aprovar penas mais duras para crimes ambientais; exigir que bancos públicos parem de financiar áreas embargadas; e votar contra projetos de lei que mudam a legislação ambiental, já que isso pode trazer prejuízos incalculáveis para o setor com o agravamento de eventos climáticos como seca e enchentes.
A proteção das nossas terras é essencial para garantir a qualidade de vida das presentes e futuras gerações.