O climatologista Carlos Nobre afirma que a agricultura regenerativa é o caminho para zerar as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Daí, a importância do agronegócio brasileiro se aliar a projetos de restauração de biomas e de produtores rurais adotarem práticas regenerativas.
“A agricultura regenerativa mantém a cultura, restaura a vegetação, restaura a biodiversidade e gera uma quantidade grande de polinizadores”, disse.
De acordo com Nobre, o mundo já está há 14 meses com uma temperatura média 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, e isso está diretamente relacionado à “explosão” de casos de eventos climáticos extremos, como grandes inundações e secas severas. Para ele, a agricultura regenerativa é também uma arma poderosa contra as mudanças do clima.
Práticas regenerativas não são apenas ideais para equilibrar o clima, mas porque resultam em mais produtividade e lucratividade. Para ele, a lentidão para a adoção de práticas regenerativas no campo no Brasil é um desafio cultural. Ele citou países desenvolvidos, que já estão reduzindo sua área agrícola há décadas sem prejuízo da oferta de alimentos.
“Nos Estados Unidos e na Europa, só diminui a área total da agricultura há décadas e só aumenta a produção, por causa de toda a ciência trazida. A China já vem reduzindo há mais de 20 anos a área da agricultura”, citou.
Ele destacou a ambiciosa iniciativa chinesa de reflorestamento em larga escala, ao mesmo tempo em que o país busca intensificar a produção agrícola urbana para reduzir sua dependência de importações de alimentos. de países vulneráveis a crises climáticas, como o Brasil.
Paralelamente, Nobre defendeu o uso de biocombustíveis derivados da cana-de-açúcar, destacando a neutralidade de carbono desse processo devido à rebrota da planta.
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